O Jucá, o caju e o fiofó do Romero


Por Fernando Lobato_Historiador

Jucá é uma árvore brasileira de cuja casca se faz remédios para o tratamento de doenças como úlceras gástricas, bronquite, asma e outras (ver aqui). O caju, pseudo fruto do cajueiro, é outro exemplo de legitimidade nacional, pois já servia como alimento básico de nossa população nativa muito tempo antes da chegada dos portugueses em 1500 (ver aqui). Jucá e caju, portanto, são dois grandes exemplos benignos de nossa brasilidade, apesar da existência de um Jucá e um caju “famosos” não exatamente por promoverem nossa imagem diante do mundo. Falo de Romero Jucá, senador por mais de 22 anos contínuos, eleito três vezes seguidas por Roraima que, até 1988, foi território federal e onde o governador era escolhido pelo presidente da República. Jucá, portanto, foi o último governador do território, indicado pelo então presidente José Sarney (1985-1989) e lá fez fortuna em muito pouco tempo, sendo hoje dono de duas emissoras de TV, duas de rádio e um jornal (ver aqui).

Não vamos aqui adentrar nos estratagemas de Jucá para enriquecer tão rapidamente, mas o fato é que sua fortuna se multiplicou durante sua atuação como senador de nossa não tão republicana república, sendo este o único cargo que conquistou através do voto. Jucá, como todos hoje sabemos, é também CAJU, codinome que lhe foi dado na planilha de propinas da Odebrecht e, para além disso, é, talvez, o maior profeta da História Política Brasileira, pois tudo o que “profetizou” secretamente aconteceu de verdade (o impeachment de Dilma, a posse de Temer, a prisão do Cunha e o afastamento de Teori no comando da Lava-jato no STF) – ver aqui -. Mas nem só de Lava-jato e “profecias” vive a má fama de Jucá, visto que também está denunciado em outra operação da PF, a Zelotes, cujo rombo nas contas públicas é três vezes maior e que, muito suspeitamente, não recebe tanto destaque na mídia (ver aqui).

Muito “afamado” e cada vez mais nos holofotes da grande mídia, Romero Jucá já experimenta dificuldades de caminhar até mesmo no aeroporto de Boa Vista, não necessariamente por conta de caçadores de autógrafos ou selfies, mas por quem, com razão, acha um absurdo ele não estar fazendo companhia para Eduardo Cunha (ver aqui). Sentindo a pressão aumentar e diante de um possível fim do foro privilegiado, condição que lhe garante andar serelepe prá lá e pra cá e ainda ocupar a liderança do governo, Jucá ou CAJU acabou nos revelando questões muito íntimas. Se já era “famoso” por ter permitido extração ilegal de madeira em reservas indígenas quando era presidente da FUNAI (ver aqui), tornou-se ainda mais “famoso” pela comparação que fez de SURUBA com foro privilegiado (ver aqui). Já diz o ditado que quem tem fiofó tem medo e seu comentário infeliz revela exatamente isso. Na suruba selecionada, ou seja, no julgamento no STF, segundo seu raciocínio, os danos ao seu fiofó seriam mínimos. Concluindo: acostumado a prejudicar o fiofó dos outros, Romero defende a “SURUBA GERAL” apostando que, na generalização do “roda-roda vira, solta a roda  e vem”  (trecho da música do Mamonas), ele escapará ileso como sempre.

Comentários