Por Fernando Lobato_Historiador
“Depois que
mataram a jibóia, jararaca deita e rola” diz o samba de Almir Guineto. Na arte isso faz sentido, na realidade
política brasileira NÃO, pois até 2012, Jibóia e Jararaca andavam de mãos dadas
como um típico casal apaixonado. Era beijinho pra cá, beijinho pra lá, ainda
que, vez em quando, alguns tapinhas aparecessem entre um e outro beijo ardente de
língua. Foi com o casamento da Jibóia com a Jararaca que se firmou um tal “pacto
de governalidade”, que lembrou muito um bem mais antigo: o da Política dos
Governadores (1894-1930), que manteve as oligarquias nacionais e regionais
mamando freneticamente nas tetas governamentais com verbas e muitos
privilégios.
A jararaca
todos sabem quem é, ou seja, Luiz Inácio Lula da Silva. Acho que ele foi muito feliz na sua autodefinição
porque é isso de fato que ele tem sido no cenário político brasileiro desde o
final dos anos 70 até os dias de hoje, uma jararaca esperta e muito habilidosa quando
o assunto é política ou politicagem, pois é especialista nas duas. Todavia,
quem é a jibóia de que falo? A resposta é óbvia, o PMDB e grande parte da estrutura
empresarial que lucra em cima das verbas públicas: ODEBRECHT, OAS, ANDRADE
GUTIERREZ, CAMARGO CORRÊA e todas as outras ligadas a elas direta ou
indiretamente. Foi um pacto muito poderoso e eficaz a ponto de Lula ter sido
chamado de “O CARA” por ninguém menos que Barack Obama, Presidente dos EUA.
Obama não falou
isso gratuitamente, pois tinha plena noção do sentido de sua afirmação, visto
que Lula, naquele momento, conciliava duas coisas inconciliáveis: Interesses do
Grande Capital com ascensão social das classes mais desfavorecidas. Até 2012
isso funcionou, mais Dilma começou a querer dar uma de João Goulart enfrentando
os banqueiros privados baixando as taxas de juros dos bancos públicos, bem como
intenção de iniciar uma política de redução das tarifas públicas (lembram que
energia e gasolina baixaram um pouco). Com isso, atraiu a ira da jibóia (PMDB e
grande parte do grande empresariado que lucra em cima do que FHC privatizou).
Dilma deixou de ser a boa menina de Lula e os olhos desse setor se voltaram para
Marina e Aécio.
Dilma, depois
de vencer em 2014, vitória que jibóia não esperava, buscou reconciliar-se com ela
escolhendo Levi para a Fazenda e governando como se fosse Aécio. Não foi o
suficiente e, pra piorar, a Lava Jato começou a revelar os tentáculos da Jibóia
na Petrobrás e outras estatais. É importante destacar que a jibóia não está restrita
ao PMDB, visto que tem representantes poderosos dentro do partido da Jararaca,
o PT, assim como no PSDB e muitos outros mais, pois seu tamanho avantajado
lembra muito mais uma sucuri (anaconda). E já diz o ditado que cobra engole
cobra e a luta que se trava no momento é exatamente essa, ou seja, o da jibóia
tentando engolir a jararaca por inteiro e a qualquer custo.
O grande problema da jararaca ser engolida nesse momento é a afirmação de um país ainda mais neoliberal e reacionário do que esse
de Dilma em 2016. Temer e Aécio, depois do fracasso de Marina em 2014, são as
opções preferenciais dos mercados nacional e internacional. A ordem de prioridade
era Aécio e depois Temer, mas como Aécio somente se viabiliza com a cassação de
Dilma pelo TSE, acho que a jiboia fez sua aposta maior em Temer. Com esse
congresso 90% eleito pelas empreiteiras e pelas grandes corporações privadas, a
vida da Jararaca não será fácil e é pouco provável que sobreviva, por isso
voltou a discursar como antes da chegada
à presidência. Como isso vai terminar?
Os próximos três meses nos revelarão. Como brasileiro que ama o seu povo,
sobretudo os mais simples, espero que jararaca resista por pelo menos um certo
tempo, pois um governo só da jibóia será muito pior do que o atual, pois nossa jibóia
costumar jogar a culpa toda nos mais pobres, visto que seu coração também é de
cobra.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom seu olhar, claro que daria pra escrever 500 mil páginas sobre o tema, pois são mais de 500 anos de cobras e sapo(o povo), este, na escuridão do colírio ofídico delirante da "informação", promovida pelas serpentes em seus programas: "balança a bundinha", jornal bostal,etc.E o sapo (cego-surdo) sabe pular no ritmo da moda apresentado pelos porta-vozes das sucuris. Não enxerga os cipós aos quais estavam e estão amarrados ao longo desses 500 anos. Nem mesmo a memória mais recente, onde parte de seu dorso negro foi abertamente chibatado nas senzalas aos olhos de todo céu azul da humanidade. (Jânio Macuxi)
ResponderExcluirobrigado!!! visite sempre o blog..
ExcluirGostei Lobato,se apropriou com primazia da fauna política brasileira.
ResponderExcluirParabéns!
obrigado Cris!!!
ExcluirParabéns meu amigo, muito bom o texto. Também torço para a Jararaca permanecer viva, mas as coisas não estão fáceis.
ResponderExcluirvaleu Allan...mas não basta torcer...o momento exige demonstração de força nas ruas...
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