Eleições 2010


          “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Com esta frase, o maior dos mestres nos fala de dois senhores a quem os homens devem tributos. Um, o pai celestial, nos exige tributos de ordem espiritual (honestidade, amor ao próximo e outras virtudes) enquanto o outro, o governante ou César, nos exige bens materiais (valores) para manter a estrutura que denominamos de governo ou estado. Em relação ao primeiro, temos clareza da essência de amor que caracteriza aquele que criou o universo e deu vida aos homens e demais seres vivos. Qual será, porém, a essência de César, o senhor terreno? Vamos pensar um pouco para depois responder. O Senhor do Céu nos deu árvores frutíferas dos mais variados tipos para matar a nossa fome. Isso é amor. Formou rios e criou o ciclo da chuva para que todos os seres vivos satisfaçam as suas necessidades de água. Isso também é amor. Além dessas coisas, fez tantas outras mais e nos deu gratuitamente.
          Vejamos agora como o César ou governante trata os homens que estão sob o seu poder. Ele cobra valores sobre a propriedade da casa em que moram (IPTU), sobre a roupa que vestem, sobre o alimento que comem, sobre a energia elétrica que consomem para ter uma vida mais confortável (não estou falando do valor cobrado pela empresa geradora e sim do imposto cobrado em cima desse valor), sobre o uso do telefone (mesma situação do caso anterior), sobre o transporte coletivo (idem), sobre o consumo de combustível (idem), sobre a propriedade do carro particular (IPVA), sobre os serviços que outros (não o César) lhes prestam (ISS), sobre a produção industrial (IPI), sobre a expedição de documentos (taxas), sobre os rendimentos que adquirem com o próprio suor (IRPF), sobre os rendimentos que uns adquirem utilizando o suor de outros (IRPJ) e sobre tantas outras coisas que não dá pra continuar citando sem cansar você que me lê.
          Apesar da farta lista acima, ainda faltou dizer que César nos cobra também pelo uso dos sete palmos de terra que utilizamos quando ocupamos o nosso último lar. No comparativo, constatamos que enquanto o Senhor do Céu nos dá muito e nos exige muito pouco, César, ao contrário, nos exige muito e nos dá muito pouco. Seguindo a lógica natural, não há como deixar de concluir que estamos falando de senhores que nutrem sentimentos distintos por nós. Se o primeiro nos ama, está claro que o segundo nos tem pouco apreço. Se ao primeiro podemos chamar de pai, ao segundo, na melhor das hipóteses, podemos chamar de padrasto. Um padrasto, entretanto, sempre injusto e sovina. Injusto porque sempre exige mais dos pequenos e menos dos grandes. Sovina porque sempre tira com as duas mãos e devolve apenas com uma.
          Faço essa reflexão porque estamos em 2010, ano de Copa do Mundo e de eleições gerais. Em junho, os homens e mulheres dessa terra serão convocados para torcer por aqueles que irão defender a nossa condição de nação potência no campo futebolístico. Em outubro, seremos chamados para sacramentar os césares que os poderosos e privilegiados previamente escolheram para nos conduzir, pois nosso sistema político é semelhante a uma roleta viciada, foi feito para apresentar um resultado dentro dos parâmetros definidos pelos que não querem grandes mudanças. Eles dizem que temos uma democracia, mas a verdade é que estamos muito distantes dessa definição.
          Veremos nestas eleições, mais uma vez, uma fortíssima propaganda em favor daqueles que pouco ou nada farão para mudar a nossa realidade, posto que serão os mesmos que receberão as mais generosas doações dos que não querem mudanças nas regras do jogo. Mas quando a campanha começar, estes nos farão as mais ardentes juras de amor. Irão fazer de tudo para nos convencer de que sem eles não podemos viver e de que são os únicos capazes de transformar o inferno em paraíso. Não nos enganemos, eles são césares e todo César tem o dom da ilusão. Todo César domina a massa através da emoção enquanto a limita de sua razão (ver meu artigo do dia 06/04). Por isso, nas eleições que se aproximam, vou seguir o conselho do “Barão Vermelho" numa de suas músicas: "Vou declarar guerra a quem finge me amar". Vou votar e trabalhar em favor de quem se assumir como anti-césar, pois saberei que este quer o nosso bem. Este estará falando de cara limpa e não através das máscaras que irão cair logo depois da posse.

Comentários

  1. Como canta Engenheiros do Havaii"Quem são eles? Quem eles pensam que são?" E eles repondem, "aqueles querem te comprar, e te matar (a sede)e te fazer chorar". E te pergunto, quem é Cesar? Aonde está o Império, é Ianque ou sub, como Brasileiro? Será que é do poder econômico, e de seus politicos profissionais(Lula, Serra, Marina e Dilma e Braga)? E a nossa alternativa, onde está? Responda!

    Até.

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