Permissividades de Carnaval


O Carnaval, desde a Idade Média, é uma festa de sentido profano, onde os brincantes se permitem ações e atitudes que fogem à regra do cotidiano. Tem homem que se veste de mulher, tem mulher que se veste de homem. Tem medroso que se fantasia de super-herói e por aí vai. Resumindo. É a festa das permissividades.

Neste carnaval, as permissividades extrapolaram as avenidas e os salões de festas e atingiram em cheio as instituições barés. A Prefeitura de Manaus, representada pelo Prefeito Amazonino, permitiu-se um tour pela Europa para relaxar do “stress” causado pela sua espontaneidade em pedir aos desassistidos que morram.

De seu lado, a Águas do Amazonas, dona das águas que não mais pertencem aos amazonenses e que Amazonino privatizou, permitiu-se mais um auto aumento escandaloso. Deve ter se inspirado no aumento de 61%, em ano dito de aperto fiscal, que os Deputados concederam a si mesmos antes das festas de momo.

Diante de tanta permissividade, fica claro que o povo, de um jeito ou de outro, está sempre dançando. Vai pagar mais caro pela água que pouco vê na sua torneira. Enquanto os desassistidos permanecem stressados pela angústia que decorre da próxima chuva que se forma no horizonte, Amazonino, “desestressado”, volta da França falando em revolucionar a saúde e a educação baré.

Sáude baré que ele ignorou em dezembro de 2010, quando, após um súbito mal-estar, voou para São Paulo em busca da tal saúde de qualidade. Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Enquanto o povo não se permitir a liberdade, continuará sendo vítima dos que o oprimem e se permitem tantas permissividades. Permissividades essas que até viram enredo de carnaval. Que o diga a Banda da Bica com o seu “No reino do Belão todo mundo mete a mão”. Quero, porém, não apenas enredo de carnaval. Quero, nem que seja só um pouquinho, dessa ventania que atinge o norte da África.

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