Reassisti, pela quinta ou sexta vez, o filme Matrix. Gosto dessa ficção porque ela, de forma sutil, muito nos revela acerca do nosso mundo capitalista pós Revolução Cibernética. Nessa ficção, o mundo real, na mente das pessoas, foi substituído por um software que cria uma realidade paralela da qual ninguém, sem ajuda de humanos livres, é capaz de escapar.
Conectados pela mente ao software que torna real aquilo que não passa de ilusão, os humanos comuns vivem, na realidade concreta e objetiva, alienados de si mesmos em cápsulas individualizadas que os fazem cumprir um único e exclusivo propósito: fornecer energia elétrica para o funcionamento pleno do mundo virtual (a matrix) que a todos aprisiona.
Muitos podem considerar que viajo na maionese ao querer ver conexões entre o capitalismo pós-moderno e essa famosa produção holiwoodiana, mas, refletindo de forma serena, quem poderá afirmar que é loucura ou leseira pensar que o fato de enxergarmos o mundo através de “lentes” – o jornal, a TV, a Internet e outros – não altera profundamente a imagem do que ele realmente é?
Será loucura ou leseira dizer que, em nosso mundo pós-moderno, as pessoas vivem mais preocupadas em ser fiéis ao personagem que criam de si mesmas do que ao que são de verdade? Não será isso também um tipo de prisão mental a algo virtual? E quanto a nossos corpos físicos, estarão eles a salvo num mundo em que novas versões de drogas estimulantes são produzidas numa escala quase tão veloz quanto a produção de novos modelos de hardware e software?
Será também loucura ou leseira pensar que vivemos num mundo onde grande parte da humanidade vive correndo de lá pra cá e de cá pra lá, desprendendo grande esforço e energia, com o fim, nem sempre claro, de manter em funcionamento esse sistema sem alma e identidade, cada vez mais irracional e complexo, que os economistas dão o nome de mercado?
Por tudo isso, gosto do filme Matrix, pois ele nos faz desconfiar daquilo que todos os dias é posto diante de nossos olhos pela grande mídia. Nele, os humanos que resistem à Matrix são taxados de loucos e subversivos. Não acontece também o mesmo com aqueles que defendem um modelo alternativo à loucura do modelo capitalista atual, cada vez mais inimigo do homem e do meio ambiente?
Gostei muitoo, Fernando! Assisti ao filme ontem e não pude deixar de fazer alguns dos mesmos paralelos que você fez!
ResponderExcluirGrande Abraço!