O EXEMPLO DE ITAMAR


Itamar Franco ficará marcado na História do Brasil como o vice que foi guindado à presidência com o impeachment de Fernando Collor. Fiel ao estilo Jânio Quadros da eleição de 1960, Collor, com amplo apoio midiático, vendeu a imagem de paladino da luta contra a corrupção no Brasil. "Era", conforme se dizia na época, o "caçador de marajás". O homem real, porém, estava muito distante do personagem criado para vencer a disputa eleitoral contra Lula, à época tido como um comunista que ameaçava colocar o país na contra-mão da história mundial, visto que, lá na Europa, o comunismo desmoronava junto com o Muro de Berlim. Com o estouro do escândalo envolvendo P. C. Farias, coordenador de campanha e homem forte do Governo Collor, caiu a máscara daquele que se autodefinia como perseguidor implacável daquela que acabou lhe fulminando politicamente: a corrupção.
É importante destacar, porém, o empréstimo de seriedade e honestidade que Itamar Franco, candidato a vice, transferiu à chapa encabeçada por Collor. Seriedade e honestidade que seria fundamental no momento em que Itamar se viu com a missão de dirigir um país mergulhado não apenas em corrupção, mas também numa inflação galopante que penalizava, sobretudo, os mais necessitados. Ao sair da vida para entrar na história de nosso país, Itamar Franco não será provavelmente lembrado como o presidente da estabilização econômica ou "Pai do Real", pois estes estão impregnados na imagem pública que se construiu de Fernando Henrique Cardoso, o FHC. Todavia, nos deixa um exemplo muito importante e raro no momento atual: a de um político que, apesar de ter ocupado os mais elevados cargos da república, não enriqueceu ou fez fortuna durante sua carreira política. Vai com Deus Itamar, seja feliz na sua nova morada!

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