A GRANDE CRISE

     Dilma não repetiu seu mentor dizendo que a nova onda da grande crise econômica internacional chegará aqui como uma marolinha, mas disse que o país está mais forte para enfrentá-la. No campo econômico, para o bem de todos, espera-se que o vaticínio oficial seja mesmo verdade. Todavia, há um campo em que nossa fraqueza já se aproxima da esclerose múltipla e esta, no meu entender, é uma crise muito mais terrível e ameaçadora. Refiro-me à GRANDE CRISE MORAL em que mergulhamos e que, até o momento, nada nos permite afirmar que, pelo menos, já atingimos o fundo do poço.

     Essa grande crise moral se mostra nua e crua quase todo santo dia. Num dia é o escândalo do Ministério dos Transportes. Num outro, o Turismo e a Agricultura são o escândalo da vez. De tão rotineira, a grande crise vai se tornando coisa banal, ou pior, parte da "paisagem" cotidiana que compartilhamos. E é exatamente por esse aspecto que não se trata de uma marolinha, mas sim de um tsunami de decadência e degeneração social porque atinge algo que é central para a sobrevivência de uma coletividade:  A ESTRUTURA MORAL (DOS VALORES INALIENÁVEIS).  

    Padece ou não de grave doença uma nação em que a alta direção manifesta profundo pesar pelo uso de algemas nos punhos de quem foi pego em flagrante delito enquanto a mesma indignação não é expressa em relação à morte brutal e covarde de uma juíza zelosa e cumpridora do seu papel de guardiã do interesse geral? Enquanto as preocupações oficiais se concentram numa espécie de satisfação a ser dada a aliados cuja decência se encontra na mais absoluta suspeita, vemos a criminalidade explodindo nas ruas e vitimando, sobretudo, aqueles que buscam viver de forma honesta e correta.

     Não assistimos, até o momento, nenhuma manifestação de indignação da Presidenta, do Governador do Rio de Janeiro ou do Ministro da Justiça com relação ao assassinato da jovem e zelosa juíza Patrícia Acioli, pois todos estão por demais preocupados com fotos e algemas de meliantes a serviço de criminosos do colarinho branco. Não vi, até o momento, nenhuma intenção de se decretar luto oficial no Estado do Rio de Janeiro ou no país em função do grave e comovente episódio.

      A nação foi ou não gravemente ferida com o assassinato da juíza Patrícia Acioli? Não há dúvida que sim. Logo, se a nação foi a grande vítima, não há porque não se declarar luto oficial em louvor à memória da juíza covardemente assassinada. Se assim não for feito, teremos mais uma prova de que ainda não atingimos o fundo do poço de nossa GRANDE CRISE.

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