GERALDO ALCKMIN E O JEITO TUCANO DE PRIVATIZAR

Por Fernando Lobato - Historiador     

        "Primeiro, eles vêm à noite, com passo furtivo. Arrancam uma flor e não dizemos nada. No dia seguinte, já não tomam precauções: entram no nosso jardim, pisam nossas flores, matam nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia o mais débil dentre eles entra sozinho em nossa casa, rouba nossa luz, arranca a voz de nossa garganta e já não podemos dizer nada". Para falar do jeito tucano de privatizar é fundamental citar esse poema de MAIAKOVSKI. Primeiro veio o privatista FHC sucateando a saúde pública para deleite e felicidade do empresariado do setor. Em seguida veio o Lulinha Paz e Amor pregando a concórdia entre Deus e o Diabo, mas pouco fazendo em prol dos que sofrem no purgatório do SUS.

     E se já não bastasse o absurdo da contratação de plano privado de saúde para escapar desse purgatório, pois trata-se de um Direito Constitucional que a montanha de impostos deveria ser capaz de custear, descobre-se que, em São Paulo, sob patrocínio do tucano Geraldo Alckmin, estão querendo rebaixar o SUS ao status de inferno. Através do Dec. 57.108/11 se criou uma forma de apropriação de 25% dos leitos públicos pela rede privada. O esquema funciona assim: o cidadão lesado paga para a operadora privada e este, em caso de necessidade de internação, pode ser atendido num hospital público, ou seja, que ele já pagou pelo uso. O Hospital Público, por conta desse quebra galho prestado a operadora privada, seria ressarcido monetariamente pelo serviço prestado.

       Em matéria no Blog do Josias é mencionado um fato ocorrido na Santa Casa de Sertãozinho em que um médico – Dr. Paulo Laredo Pinto – louvado seja – se viu obrigado a chamar a polícia para garantir que um paciente do SUS pudesse dar entrada no CTI da entidade, apesar de haver vagas. Explico: havia vagas, mas estavam reservadas para clientes das operadoras, ou seja, que geram receita maior que a do SUS. Se não fosse a fidelidade do Dr. Laredo ao código que jurou como médico, mais uma morte seria acrescentada nas estatísticas oficiais. Felizmente, para além de Doutores Laredo, há também a justiça que muitos magistrados dignos não se furtam de fazer, visto que o ato de Alckmim foi suspenso – só não se sabe até quando - pela justiça paulista.