SE A CRISE VIER BRABA, DÁ LOGO O MEU!

Por Fernando Lobato - Historiador     

     João Figueiredo, último presidente da Ditadura, na crise do petróleo, pedia ao povo que apertasse os cintos, pois o “bolo” do desenvolvimento deixara de crescer e, com isso, ficava adiado o dia em que o mesmo seria repartido para benefício de todos. A Ditadura se foi, vieram novas crises, mas a proteção dos abastados continua a mesma. Do outro lado estão os que continuam sendo tratados como abestados, principalmente quando o governo se expressa em idioma ECONOMÊS. Antes do início de 2011, firmou-se a necessidade de aperto fiscal. Como medida número 1 engordaram sobremaneira os salários da Presidente, dos Deputados e dos Senadores. Agiram pensando assim: Se a crise vier braba, dá logo o meu!
     Depois disso foi só aperto no orçamento pra atender as necessidades dos abestados – 50 bilhões de cortes (saúde, educação, segurança, etc), não significando que, em caso de necessidade, dos abastados evidentemente, não se pudesse dar um certa afrouxadinha. E assim, 5 bilhões foram contingenciados para atender parlamentares descontentes. E agora, diante dos sinais de que o tempo pode fechar e a crise se aprofundar, vem o governo anunciar que aumentou em 10 bilhões as reservas para o pagamento dos juros da dívida pública ou, para quem já domina o ECONOMÊS, aumento do superávit primário. Aumentar o superávit primário significa tão somente aumentar a reserva dos recursos destinados ao pagamento dos juros das dívidas do governo, ou seja, de recursos que não serão utilizados no custeio de necessidades da população.
      Se a classe política tem o poder de aumentar o próprio salário mesmo em ano de crise, os magnatas do mercado financeiro tem poder de barganha suficiente pra dizer o seguinte: Se a crise vier braba, reserva logo o meu! O curioso disso tudo é que o governo tem o poder de aumentar ou diminuir a taxa de juros que alimenta a sua própria dívida - a nossa -, mas não faz uso dele. Quisera eu dispor do poder de pagar a taxa que quisesse no cheque especial. Esse poder cabe ao COPOM que, na maioria das vezes, diz que é preciso aumentar a nossa dívida para nos proteger do pior. Será mesmo? Em sua última reunião, o COPOM decidiu reduzir a taxa de juros, ou seja, diminuir a nossa dívida futura com os banqueiros, mas antes, é bom lembrar, o governo anunciou o aumento do superávit primário, ou seja, das reservas para pagamento dos créditos que os banqueiros já possuem. Atitude fiscal responsável ou privilégio concedido a quem pode mais? Eis a questão que fica no ar

Comentários