O BUG DA MATRIX

Por Fernando Lobato _ Historiador
     No filme ficção Matrix, a realidade percebida difere radicalmente daquela que é efetivamente vivida, sendo esse um dos fatores cruciais na submissão dos humanos ao mundo sob domínio das máquinas. Desconectados do sistema que altera artificialmente a realidade (a matrix), os humanos passam a perceber a sua condição de escravos e naturalmente buscam formas de libertação pessoal e coletiva. Esse é o enredo que une Neo, Morfeu, Trinity e outros personagens da trama que tanto sucesso fez nas telas de cinema.
    Que o capitalismo é um tipo de matrix não há dúvida: cria uma percepção de futuro belo e colorido para quem corre atrás do pote de ouro projetado no arco-íris resultante da livre circulação de bens e capitais mundo afora. Por mais de duzentos anos, essa fábula foi capaz de embalar e ninar a esperança de um futuro crescentemente mais próspero e belo, apesar dos solavancos que prejudicaram a integridade da matrix - 1ª Guerra Mundial, Revolução Russa, 2ª Guerra Mundial e Guerra Fria – forçando reprogramações indesejadas.
     Nesta segunda década do XXI, a matrix capitalista se mostra lenta e envelhecida tal como um processador 386 da INTEL. Ela dá mostra de travamento porque seu software fundamental - a capacidade de transformar ficção em realidade – parece não funcionar adequadamente. Com isso, milhões começam a enxergar a realidade como de fato ela é: dura, cruel e desumana. Despertos do sono, todos querem continuar vendo esperanças no futuro, mas ele já não se mostra como dantes e é preciso buscar trilhas e caminhos para além da velha matrix, que agora se mostra como sempre foi: realidade virtual.
      Os indignados que tomam as praças do mundo e que começam a se reunir aos milhares no núcleo central da matrix – Nova York – estão entre os milhões que estão se desplugando da mesma. Sem o funcionamento adequado do soft que embeza artificialmente a realidade, muitos mais vão continuar a engrossar o caldo dos que desejam apertar o botão OFF da velha matrix. Para defendê-la, haverá intenso recrutamento de agentes Smith – programas de defesa. Na ficção, Smith acaba acelerando o BUG final da matrix. O mesmo acontecerá com a matrix capitalista? É bom aguardar os fatos, pois nosso drama está apenas no começo. Uma coisa porém é certa: O futuro já começou!

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