Há 15 atrás postei o artigo "A ÚNICA VIA", onde critico comunistas e social-democratas pela forma como pensam a relação do estado com a sociedade civil. No caso da social-democracia, destaquei a falácia da sobrevivência da Democracia numa sociedade regulada por regras neoliberais ou de livre mercado. Na desocupação da favela do Pinheirinho pela PM paulista ficou explícito para quem a tucanocracia governa. Em nossa Constituição está escrito que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária é um dos objetivos fundamentais da república (Art. 3). Tambêm se lê que toda propriedade deve cumprir sua finalidade social (Art. 5, XXIII). Diz também que a ordem econômica tem por fim assegurar uma existência digna para todos (Art. 170) e que educação, saúde, trabalho, alimentação e moradia são alguns dos direitos sociais garantidos para todos (Art. 6). Ao executar uma "Guerra de Canudos" contra os moradores do Pinheirinho, a tucanocracia, com a colaboração do Judiciário paulista e do STJ, cuspiu na Constituição Federal e desnudou todo o seu servilismo ao poder dos que financiam suas campanhas eleitorais.
Os quase 1,5 milhão de metros quadrados da área arrolada na massa falida de Nagi Nahas (ver mais aqui), mega especulador inescrupuloso que levou a Bolsa do Rio à bancarrota em 1989, há muito já deveriam ter sido desapropriados para atender o interesse social, mas não o foi em nome dos interesses dos que, graças à mão amiga da tucanocracia, irão faturar bilhões nos empreendimentos de alto padrão que em breve lá serão construídos. Para fazer valer os interesses dos amigos do peito (os que molham a planta das contas eleitorais) a Tucanocracia não economizou energia. Imitando Prudente de Moraes, 1º paulista a ocupar a Presidência, Alckmin recrutou um grande poderio militar para varrer do mapa o arraial dos tidos como "fora da lei". No episódio de Canudos, os "fora da lei" eram os que viviam sem o cabresto dos coronéis que Prudente buscava agradar demonstrando serviço. Na "Guerra de Canudos" da tucanocracia, os "fora da lei" são os que vivem à margem da sociedade de consumo de São José dos Campos, onde a renda percapita média e as regras de mercado recomendam a sua expulsão para áreas mais distantes.
Prudente justificou sua chacina com a alegação de uma "higienização" da república de "infectos monarquistas". Alckmin e Curi, prefeito de SJC, apelaram para o "imperativo da justiça". Na prática, garantiram a "higienização" exigida pelo poder econômico a serviço da especulação imobiliária. Enquanto se mostra eficiente no serviço aos amigos do peito, a tucanocracia demonstra incompetência para reduzir o número de seus indigentes sociais. Somente em São Paulo, capital neoliberal do país, há uma populaçao de mais de 15 mil vagando sem eira nem beira à espera de uma chance para deixar de usar praças e viadutos como lar e isso sem contabilizar a massa de viciados que se concentravam, até recentemente, na Cracolândia. Há uma outra massa enorme de indigentes sociais que, assim como aqueles que viviam na favela Pinheirinho, aparecem nas estatísticas como proprietários de imóveis, ainda que se trate de simples armações de madeira e papelão. Em recente pesquisa, mais da metade da população de São Paulo demonstrou o desejo de viver em outra cidade se tivesse condições para isso (ver mais aqui). É essa a social-democracia tão propalada por tucanos e petistas? É esse o modelo de progresso que todas cidades do país devem copiar? Que respondam os tucanos, os seus defensores e quem mais puder!
Comentários
Postar um comentário