A FACE OCULTA DA LUA, O IBGE E A MANAUS RURAL

Dados do IBGE e reportagem do Diário do Amazonas deste domingo (08/07) revelam que o estado ainda não se faz presente na área rural de Manaus.

por Fernando Lobato_Historiador

    É preciso ir ao espaço sideral para ver a face oculta de uma velha conhecida nossa: a lua. Não é o caso, porém, da face rural de Manaus, que, de carro ou de barco, é facilmente alcançável por todos que desejam conhecer uma parte da cidade que muitos ignoram existir. O IBGE e o setor de reportagem do Diário do Amazonas estiveram recentemente por lá e fizeram um retrato nada belo da realidade quase oculta de Manaus.

    Para ver a face oculta da lua dependemos do auxílio de sondas espaciais que nos retratem uma realidade inacessível para quem olha diretamente da Terra. Para que a Prefeitura de Manaus e o Governo do Amazonas alcancem a área rural de Manaus basta simplesmente o desejo e a vontade para querer chegar até lá. O homem já chegou até a lua, mas nossos entes estatais, até agora, a julgar pelos dados do Censo 2010, ignoram o caminho que os leva até lá.

    Quase 500 anos antes do homem chegar até a lua, Colombo comprovou que a Terra era redonda e abriu um novo caminho marítimo para as Índias. Séculos depois de Colombo, o povo europeu fez uma “descoberta” revolucionária, ou seja, que o estado é um ente que não deve existir apenas para cobrar impostos e nada dar em troca. Que o dinheiro que ele arrecada pertence ao povo e a ele deve retornar na forma de infraestrutura básica, em serviços públicos gratuitos e em garantias sociais – previdência, seguro-desemprego, etc -.

     Mais de 500 anos depois da chegada de Colombo à América, a população da área rural de Manaus permanece à espera da chegada do estado por aquelas paragens. Lá ainda não existe água encanada, luz elétrica, coleta de lixo, transporte público regular, etc. Não vamos falar de tratamento de esgoto porque, neste caso particular, trata-se de um serviço que ainda é desconhecido em grande parte da face visível de Manaus – a urbana.

    Percebam que todos os exemplos citados acima dizem respeito apenas a forma mais elementar da presença do estado, ou seja, não estamos falando de educação, saúde e garantias sociais. Tanto tempo depois de Colombo nos visitar e nos chamar de índios, Prefeitura de Manaus e Governo do Estado ainda não deram sequer o retorno elementar para o povo residente na área rural de Manaus. Será que já chegaram até lá na forma mais primitiva de estado, ou seja, o de mero impositor e cobrador de tributos? A resposta fica por conta de vocês!!!!