A INTERNET, A DECADÊNCIA DA MÍDIA E O SENSO CRÍTICO COMO NECESSIDADE

O caráter revolucionário da Internet ainda precisa ser objeto de uma análise histórica mais séria, mas pelo que se observa, não há como negá-lo. 
Por FERNANDO LOBATO - Historiador

    O caráter revolucionário da Internet extrapola em muito o aspecto meramente tecnológico, pois é visível o seu desdobramentos nos campos cultural, social, econômico, etc. Resumindo, de uma forma direta ou indireta, ele vem provocando um reordenamento na conjuntura da atualidade. Todavia, me chama muito a atenção o seu impacto na chamada indústria midiática (jornais de grande circulação, rádio e tv). Nesse particular, me arrisco a afirmar que a digitalização da informação (texto, som e imagem) e sua livre circulação na rede é a maior causa por detrás do processo de decadência dessa indústria, principalmente no que tange ao aprofundamento de sua natureza tendenciosa e apelativa.
   Começo destacando essa decadência nos jornais de grande circulação, forçados, por questões mercadológicas, à adoção do formato tablóide – menor e mais barato -, mas também mais pobre de informação e de abordagens relevantes. O baixo nível do que se produz é acrescido pela apelação aos instintos sexuais, notadamente masculinos, para a alavancagem das vendagens diárias. Pela quantidade de fotos de mulheres seminuas publicadas diariamente, temos um termômetro do grau de apelação retratado. Mas apesar dessas táticas decadentes, creio que elas estão tendo um grau bastante limitado de sucesso., visto que, já no cair da tarde, observo, no Centro de Manaus, jornaleiros com muitos exemplares para venda.

Exemplo de capa que retrata a decadência que se observa na imprensa escrita.

    Para além da apelação, vemos também um reforço no sensacionalismo e no caráter tendencioso do que se publica. É certo ele existe desde o nascimento da imprensa escrita, pois tem muito a ver com os interesses de quem escreve e de quem publica, mas hoje isso alcançou as raias do absurdo. O maior exemplo mundial disso, penso eu, tem a ver com as manchetes em torno do ataque e queda das torres gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001. Praticamente tudo o que foi massficado pela mídia está cheio de inverdades e de construções fictícias. Como a "história" contada é escabrosa, foi necessário um fim não menos escabroso para encerrá-la, ou seja, a morte de Bin Laden sem foto, corpo ou qualquer tipo de registro para confirmá-la
Hobsbawn, historiador inglês nos alerta para o perigo do presente contínuo e o senso crítico é algo fundamental para o processamento da montanha de informações que nos despejam todos os dias.
    O resultado disso é a fuga do leitor mais crítico para o espaço cibernético, visto que é nele que se pode encontrar matérias com maior objetividade e qualidade. Alerto, todavia, para a invasão desse espaço pelo que chamo de DESCONSTRUTORES DA INFORMAÇÃO. Esses são aqueles que, MAL INTENCIONADOS OU PAGOS PELO PODER DOMINANTE, estão se especializando em construir factóides ou CONTRA-INFORMAÇÃO para consumo de internautas com pouca capacidade crítica. Infelizmente, observo que esses DESCONSTRUTORES DA INFORMAÇÃO tem sido exitosos em grande medida, visto que, normalmente, vemos factóides com grande número de visitas no YOU TUBE ou intensamente comentados nas redes sociais. A Internet deve ser festejada, mas, cada vez mais, é preciso SENSO CRÍTICO para separar o joio do trigo.

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