Moon viveu seus 92 anos de vida integralmente em favor de um sonho: o da construção de um mundo sem fronteiras de classe, raça, nação ou credo, ou seja, o ideal do mundo unificado.
O tempo,
através do conhecimento e das experiências acumuladas, me fez
perceber Deus como a energia consciente que a tudo estrutura e dá
forma no mundo objetivo. É assim desde as partículas que estruturam
um único átomo até o mais comum dos seres humanos. Em se tratando
de ser humano, porém, são incomuns aqueles que marcam e transformam
a vida de milhões de outros seres humanos quando de sua passagem por
este mundo. É de um desses humanos incomuns que pretendo falar nesta
postagem, ou seja, de Sun Myung Moon, ou, se preferirem, Reverendo
Moon, que, na semana passada, ascendeu ao plano superior.
Falar
da História de Moon é falar de alguém que, ao concluir sua
passagem neste plano, enfrentou e venceu o mundo. Não falo do mundo
das Coréias do Norte e do Sul que, apesar de seus esforços para
aproximá-las e reunificá-las, ainda permanecem divididas, mas sim
da união do que entendemos por mundos ocidental e oriental. A face
mais conhecida e marcante de Moon é a religiosa, mas, para quem
tiver a curiosidade de ler integralmente sua obra mais conhecida –
O Princípio Divino –
vai perceber que ela também aborda política, ciência, filosofia e
economia e é por esse conjunto, penso eu, que sua vida foi marcada
pela perseguição e difamação.
Seu
calvário teve início ainda na juventude, quando a Coréia vivia sob
ocupação japonesa e Moon, por colaborar com a resistência coreana,
foi várias vezes preso e torturado pela polícia japonesa. Nessa
época, quase deu seus últimos suspiros nesse plano, mas, graças a
proteção de Deus e de muitos admiradores, não deu. Com o fim da
ocupação japonesa, teve início a guerra que dividiu a Coreía até
o presente em Norte e Sul e é nesse momento, por conta de sua
pregação, que ele se vê confrontando dois grandes mundos: O mundo
CRISTÃO TRADICIONAL e o mundo COMUNISTA.
Por
afirmar que o próprio Jesus o escolhera para dar continuidade à sua
missão inacabada, foi várias vezes denunciado pelos cristãos
tradicionais às autoridades da Coréia do Norte e, por conta delas,
foi preso e enviado para um campo de concentração onde a média de
vida não passava de um ano. Moon passou mais de três anos no campo
e sobreviveu para fugir dele quando tropas americanas atacaram aquela
região. Livre, fundou sua primeira igreja em 1954 e, apesar da
extrema precariedade em que vivia e pregava, não parava de fazer
novos discípulos, principalmente entre alunos e professores das
universidades de Seul. Por conta desse sucesso foi preso sob a
acusação de lavagem cerebral e práticas consideradas suspeitas.
Em 1991, dois supostos inimigos se abraçaram de forma absolutamente fraternal: Kim Il Sung (líder comunista da Coréia do Norte) e Sun Myung Moon (líder da Igreja da Unificação e grande patrocinador de propagandas anticomunistas
Quando foi
solto três meses depois, seu movimento já tinha se espraiado para
além das Coréias, alcançando Japão e Estados Unidos. Nos EUA, por
conta de sua pregação anticomunista, foi inicialmente bem recebido
e incentivado, mas seu sucesso mais uma vez começou a incomodar as
igrejas cristãs tradicionais. Em 1981, foi processado por sonegação
fiscal. As autoridades imaginaram que, para escapar da prisão, Moon
optaria por abandonar o país. Não abandonou e foi parar atrás das
grades mais uma vez. A prisão, todavia, acabou atraindo a atenção
de muitos para a sua mensagem e seu movimento continuou a crescer
apesar das perseguições.
O
anticomunismo de Moon, todavia, não tem nada a ver com a defesa do
capitalismo. É fato que Moon se tornou um bem sucedido líder
empresarial, mas isso sempre teve por fim, principalmente, o
financiamento da expansão de seu ideal e doutrina, bem como o custeio de
ínúmeras atividades filantrópicas ao redor do mundo,
principalmente na África. Na página 177 do Princípio Divino
On-line (www.unifacionista.com) diz Moon: "Porque os seres
humanos foram criados para viver numa sociedade ideal,
inevitavelmente eles perseguirão um ideal socialista ao se
empenharem por liberdade e democracia (...). Como esse desejo natural
aflora a partir do interior humano, a política na Democracia, que é
moldada na vontade das pessoas, também se moverá nessa direção".
Através de casamentos envolvendo pessoas de países e/ou continentes muito diferentes culturalmente, Moon buscou acelerar a construção de um mundo unificado e pacífico.
Em vida fez
profecias que muitos riram e duvidaram. Em 1974, por exemplo,
profetizou a queda do Comunismo para o fim dos anos 80. No início
dos anos 90, começou a falar de algo que hoje é visível, ou seja,
de que os EUA estavam se tornando na maior ameaça à democracia no
mundo. Na sua autobiografia deixou mais uma: a de que o centro do
mundo, a partir de agora, se deslocará para a orla do pacífico.
Foi a
partir de uma melhor compreensão da mensagem de Moon que líderes
comunistas passaram a vê-lo com outros olhos e, por conta disso, se
tornou amigo pessoal de Mikhail Gorbachev, último líder da ex-URSS,
e passou a gozar de livre acesso aos líderes da fechada Coréia do
Norte. Particularmente, devo confessar que a leitura do Princípio
Divino mudou bastante a forma como passei a encarar a realidade.
Antes, desconfiava em demasia das religiões, apesar de nunca ter
duvidado da existência de um Deus transcendente de tempo e espaço.
Depois, passei a perceber e desenvolver uma espiritualidade que
julgava não ser possuidor. Eis porque devo expressar minha gratidão
e respeito ao grande líder que nos deixou.
Com Moon
passei a comungar de uma crença: a de que Deus, as religiões e
filosofias, a Política, a Ciência e a Economia tem um fim comum e
único, ou seja, a construção do REINO DOS CÉUS. O homem, diz ele,
necessita absolutamente de Deus, mas cabe a ele, e não a Deus, a
responsabilidade final para a construção de uma sociedade global
ideal. Não é um processo simples, muito menos fácil, mas é
plenamente realizável quando os seres humanos despertarem para o
grande poder que possuem. A prática dos casamentos em massa que Moon
realizou ao longo de toda a vida tinha exatamente esse fim, ou seja,
constituir casais e famílias capazes de transpor e superar todas as
barreiras que afastam e isolam os seres humanos uns dos outros. Eis
porque sentia grande alegria quando realizava casamentos
intercontinentais, ou seja, quando unia americanos com africanos,
americanos com asiáticos, brasileiros com muçulmanos e por aí vaí.
Moon sonhava com um mundo unificado e, em prol desse sonho, dedicou
integralmente seus 92 anos de vida.
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