Quando ela aparece, muitos fogem da sala |
SE ARTHUR FOR O REI, CAMELÔ TAMBÉM SERÁ MEMBRO DA NOBREZA
Por Fernando Lobato - Historiador
Por força de minha condição de eleitor e militante político, postei-me, nestes últimos dias, diante da TV para assistir o Horário Eleitoral Gratuito das candidaturas a Prefeito de Manaus. A cada vez que aparecia a tela azul de encerramento ia me convencendo de que a causa maior do descaso com tal horário não se deve tanto a uma suposta falta de interesse pela política, ausência de consciência cidadã, falta de civismo ou qualquer outra coisa do tipo. A causa principal, a partir do conteúdo que assisti, é o caráter por demais fantasioso da maioria dos programas, aliado com o uso abusivo e exagerado do MIGUÉ, ou seja, de desculpas esfarrapadas, conversa mole ou papo pra boi dormir. Tudo com um único fim: seduzir o eleitor mais desantento.
Apesar da boa fé, da pouca informação e da baixa escolaridade da maioria da população, penso que, a cada dia que passa, vai crescendo o número daqueles que adquirem a plena convicção de que aqueles que estão do outro lado da tela estão ali com o firme propósito de enrolar e enganar os que estão do lado de cá. É em face dessa convicção que muitos procuram fazer de tudo nesse horário, menos prestar atenção nas falas e propostas dos candidatos. Se o TRE-AM denominasse o horário de "Ilha da Fantasia", creio que muita gente iria aplaudir, pois é um termo bem mais apropriado do que a palavra eleitoral. A fantasia e o migué estão em quase tudo, mas se revelam, principalmente, nos cenários futurísticos que apresentam uma Manaus que surgirá por obra e graça da genialidade ou caráter quase sobrenatural de alguns candidatos.
Nela tudo é possível. No Horário Eleitoral também. |
Todavia, por detrás da ficção e do migué se revelam realidades que se quer ocultar da visão geral, mas que estão ali para quem quiser ver. Como esse é um texto que pretendo escrever em várias partes, começarei focalizando a propaganda do líder atual nas pesquisas, ou seja, do ex-senador Arthur Neto. Nela, por detrás do futurismo e arrojo dos projetos de SHOPPINGS POPULARES que serão supostamente construídos em sua gestão, se revela o desespero para mudar a opinião de um eleitorado que lhe é hostil, ou seja, os camelôs, que, de tão numerosos, podem ser decisivos no dia da eleição. Para além disso, observa-se ainda uma estratégia de vinculação de sua imagem à de seu Vice, Hissa Abrãao, com o fim de torná-la mais leve, jovial e moderna. Hissa tem de fato uma imagem que transmite leveza e jovialidade, mas é questionável a sua condição de político moderno e inovador. Penso que aí reside mais um migué.
Esse migué pelo menos tem alguma coerência |
Afirmo isso em face das tais idéias inovadoras que seriam a marca principal do Vice de Arthur. Até hoje, não constatei nenhuma que se pudesse dar muito crédito, tendo em vista o caráter sempre genérico e superficial do que diz. É fato que é simpático e bastante carismático e, talvez por isso, muitos fiquem com a impressão de que está dizendo alguma coisa nova e diferente. O que há de real em Hissa é o seu mandato como Vereador e que, verdade seja dita, não foi muito favorável à população de Manaus. Se, como dizem, votou querendo ficar bem com Amazonino é coisa para se investigar e analisar, mas o fato é que foi um dos 25 que aprovaram o aumento do IPTU no apagar das luzes de 2011. Não votou, é certo, pela aprovação da taxa do lixo, mas também não apareceu em plenário para votar contra. Nesse sentido, REIZO, filho de Sabino, exerceu um mandato bem mais combativo, visto que, em ambas as ocasiões, votou CONTRA.
Arthur tem motivos de sobra, dada sua condição de filho destacado da elite manaura, para preocupar-se com o voto dos camelôs e dos setores mais populares, pois quem bate normalmente esquece, mas quem apanha aguarda o momento apropriado de ir à forra e o momento oportuno se mostra ideal para isso. Eis o motivo central por detrás do selamento da aliança ARTHUR-AMAZONINO. Arthur é elite, mas não se elege somente com o voto dela, precisa do povão. E de povão quem entende é o NEGÃO. O paradoxal disso é que ARTHUR faz propaganda usando um discurso de modernidade, competência e eficiência, mas, como todos sabem, já assumiu compromissos com a continuidade da gestão de Amazonino, ou seja, com o que há de mais fisiológico e atrasado na forma de fazer política. Mais um migué? Digam vocês!
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