O messianismo na política é algo quase tão antigo quanto a civilização, mas, infelizmente, ainda é muito eficiente onde o esclarecimento não é a regra determinante. O verdadeiro messias diz: "quem quiser salvar-se pegue a sua cruz e me siga". o falso diz: "deixa comigo que eu resolvo tudo por vocês".
O Horário
Eleitoral Gratuito, a Ilha da Fantasia e o Reino do Migué chega a
sua terceira parte abordando a propaganda das candidaturas de cunho
mais popular ou, se assim preferirem, mais populistas, ou seja, dos
Deputados Federais Sabino Castelo Branco e Henrique Oliveira. No
populismo, o destaque fica centrado no "messianismo" ou
"salvacionismo" do candidato ou personagem político no
poder.
O povo,
nessa situação, é o coitadinho desamparado e impotente à espera
daquele enviado para resgatá-lo da sua condição de sofrimento ou
miséria. E assim, esse mesmo povo é tratado como mero coadjuvante
do processo político, visto que, no palco central, está o herói ou
mocinho que vem em seu socorro.
O
populismo, por esse aspecto, é o deboche mais escrachado contra o
que entendemos por democracia, onde o povo é altivo e soberano e
jamais dependente de supostos salvadores. Eis porque, na Grécia
Antiga, personagens desse tipo eram condenados ao Ostracismo, ou
seja, ao degredo forçado por 10 anos ou mais.
Sabino e o helicóptero da salvação
Na
propaganda de Sabino e Henrique este messianismo ou salvacionismo
está pintado com todas as tintas. Ao aparecer na tela com água
quase no meio da cintura, Sabino clama pelo dia em que o sofrimento
causado pelos alagamentos terá um fim, ou seja, no dia em que povo o
eleger prefeito de Manaus. Por mais enganador e simplista que sejam
tais discursos, o fato é que acabam tendo um eco muito forte na
mente e no coração da população mais desassistida e menos
esclarecida sobre os mecanismos e segredos que formatam a sua vida de
sofrimentos e dificuldades.
Não é a
eleição de fulano ou beltrano que irá resolver os problemas que
afligem toda uma sociedade, mais somente a união da maioria do povo
em torno de objetivos e metas que o governo, como agente a serviço
dessa maioria, consegue executar e levar a bom termo. Sem um projeto
político de superação das mazelas, junto com um forte engajamento
e participação da população, tudo não passa de mera ilusão ou
enganação. A solução não está nos governantes, mas no povo que
governa através deles. Eis porque a democracia ainda é o modelo
mais avançado de organização política já inventado pelo homem.
Não há nada melhor até o momento.
Henrique e o Jipe da Esperança
Questionado
por jornalistas do D24 numa entrevista, Henrique assumiu a sua
condição de assistencialista, justificando isso pelo sentido mais
original da palavra, ou seja, de que assistir significa amparar e
proteger aqueles que precisam e isso ele o faz com grande
devotamento. Não diz, todavia, que esse "amparo" ou
"assistência" é quase sempre prestado sob os holofotes de
uma câmera de filmagem para futura exploração publicitária. Nunca
é, como determina sabiamente a Bíblia, feito às escuras e sem
nenhum interesse para além da assistência em si mesma.
O sucesso
e longevidade de personagens políticos do tipo de Sabino e Henrique
será sempre dependente da miséria e sofrimento dos quais se dizem
"salvadores" e "defensores". Jamais trabalharão
seriamente para acabar com a miséria e o sofrimento do povão ao
qual juram amor e fidelidade, pois vem daí a condição que lhes
permite chegar até ele de helícóptero ou de jipe Troller.
Na
República dos Coronéis do Amazonas, tais personagens assumem
importância relevante, pois são eles os "boiadeiros" que
conduzem um eleitorado muitas vezes decisivo nas disputas eleitorais.
E assim, irão vender o seu apoio a peso de ouro no segundo turno
dessa eleição.
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