O HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO, A ILHA DA FANTASIA E O REINO DO MIGUÉ - Parte 3

ENQUANTO JESUS NÃO DESCE DAS NUVENS, A SALVAÇÃO VEM DE HELICÓPTERO OU DE JIPE 

Por Fernando Lobato_Historiador

O messianismo na política é algo quase tão antigo quanto a  civilização, mas, infelizmente,  ainda é muito eficiente onde o esclarecimento não é a regra determinante. O verdadeiro messias diz: "quem quiser salvar-se pegue a sua cruz e me siga". o falso diz: "deixa comigo que eu resolvo tudo por vocês".
   O Horário Eleitoral Gratuito, a Ilha da Fantasia e o Reino do Migué chega a sua terceira parte abordando a propaganda das candidaturas de cunho mais popular ou, se assim preferirem, mais populistas, ou seja, dos Deputados Federais Sabino Castelo Branco e Henrique Oliveira. No populismo, o destaque fica centrado no "messianismo" ou "salvacionismo" do candidato ou personagem político no poder.
   O povo, nessa situação, é o coitadinho desamparado e impotente à espera daquele enviado para resgatá-lo da sua condição de sofrimento ou miséria. E assim, esse mesmo povo é tratado como mero coadjuvante do processo político, visto que, no palco central, está o herói ou mocinho que vem em seu socorro.
   O populismo, por esse aspecto, é o deboche mais escrachado contra o que entendemos por democracia, onde o povo é altivo e soberano e jamais dependente de supostos salvadores. Eis porque, na Grécia Antiga, personagens desse tipo eram condenados ao Ostracismo, ou seja, ao degredo forçado por 10 anos ou mais.

Sabino e o helicóptero da salvação



   Na propaganda de Sabino e Henrique este messianismo ou salvacionismo está pintado com todas as tintas. Ao aparecer na tela com água quase no meio da cintura, Sabino clama pelo dia em que o sofrimento causado pelos alagamentos terá um fim, ou seja, no dia em que povo o eleger prefeito de Manaus. Por mais enganador e simplista que sejam tais discursos, o fato é que acabam tendo um eco muito forte na mente e no coração da população mais desassistida e menos esclarecida sobre os mecanismos e segredos que formatam a sua vida de sofrimentos e dificuldades.
   Não é a eleição de fulano ou beltrano que irá resolver os problemas que afligem toda uma sociedade, mais somente a união da maioria do povo em torno de objetivos e metas que o governo, como agente a serviço dessa maioria, consegue executar e levar a bom termo. Sem um projeto político de superação das mazelas, junto com um forte engajamento e participação da população, tudo não passa de mera ilusão ou enganação. A solução não está nos governantes, mas no povo que governa através deles. Eis porque a democracia ainda é o modelo mais avançado de organização política já inventado pelo homem. Não há nada melhor até o momento.

Henrique e o Jipe da Esperança

    Questionado por jornalistas do D24 numa entrevista, Henrique assumiu a sua condição de assistencialista, justificando isso pelo sentido mais original da palavra, ou seja, de que assistir significa amparar e proteger aqueles que precisam e isso ele o faz com grande devotamento. Não diz, todavia, que esse "amparo" ou "assistência" é quase sempre prestado sob os holofotes de uma câmera de filmagem para futura exploração publicitária. Nunca é, como determina sabiamente a Bíblia, feito às escuras e sem nenhum interesse para além da assistência em si mesma.
   O sucesso e longevidade de personagens políticos do tipo de Sabino e Henrique será sempre dependente da miséria e sofrimento dos quais se dizem "salvadores" e "defensores". Jamais trabalharão seriamente para acabar com a miséria e o sofrimento do povão ao qual juram amor e fidelidade, pois vem daí a condição que lhes permite chegar até ele de helícóptero ou de jipe Troller. 
   Na República dos Coronéis do Amazonas, tais personagens assumem importância relevante, pois são eles os "boiadeiros" que conduzem um eleitorado muitas vezes decisivo nas disputas eleitorais. E assim, irão vender o seu apoio a peso de ouro no segundo turno dessa eleição.






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