Por Fernando Lobato_Historiador
A
"democracia" liberal ou burguesa que brotou das Revoluções
Francesa, Inglesa e Norte-Americana cresceu e se expandiu até formar
a realidade globalizada e em crise dos tempos atuais. Eleição e
voto, inicialmente, eram direitos restritos aos mais ricos e
abastados, ou seja, aos chamados CIDADÃOS ATIVOS, tendo em vista que
os pobres estavam classificados como cidadãos passivos. Era a época
do chamado VOTO CENSITÁRIO. A disputa e o revesamento no poder entre
"conservadores" e "liberais", quer na Europa quer
no Brasil, em nada modificava o status quo construído para manter o
povo no lugar onde sempre esteve, ou seja, na condição de burro de
carga da elite.
A
Revolução Industrial, junto com as "Repúblicas"
capitalistas que ela fez nascer, apesar da pretensa igualdade de
todos diante da lei, em vez de atenuar, intensificou essa condição
e, com isso, acelerou a organização e a luta de movimentos
socialistas mundo afora, fossem eles de vertente comunista,
anarquista ou cristã, visto que, nunca dantes na História da
Humanidade, o homem foi tão lobo do próprio homem. As favelas se
espraiaram primeiramente por Londres e Paris e, mais de um século
depois, também pelo país que o Governo Dilma diz que será rico se
for sem miséria.
Tanto hoje
quanto ontem, os governos se esforçam para esconder o que os que não
são bobos nem lesos já sabem há muito tempo, ou seja, que a
miséria e a realidade calamitosa da maioria não é fruto somente de
uma suposta má gestão dos recursos nas mãos visíveis desse ente
que chamamos de Governo ou Estado. A miséria material da maioria
continua sendo fruto da miséria espiritual de uma elite que resiste
ao avanço daquela que, ainda que muito lentamente, vai se afirmando
aqui e acolá: a DEMOCRACIA (escrita sem aspas). Todavia, em tempo de
eleição no mundo burguês "democrático" vemos essa mesma
elite se afirmando como redentora daqueles que ela oprime e explora
há tanto tempo.
A
DEMOCRACIA (sem aspas) é o governo do povo em prol de si mesmo e,
para funcionar efetivamente, exige que esse mesmo povo se veja como
governo e não como mero depositante de votos numa urna, seja ela de
papelão ou eletrônica. Nosso povo, porém, na sua grande maioria,
ainda não se vê como parte de um organismo muito maior que ele,
enquanto indivíduo, apesar de célula microscópica na multidão de
votantes, ajuda a manter vivo não apenas quando vota de dois em dois
anos, mas, sobretudo, quando labuta no dia a dia.
A CHARGE FALA POR SI MESMA!
Sem a
consciência de dono da máquina que ajuda a manter em funcionamento,
ele se vê como dependente da capacidade ou boa vontade daqueles que
estão na cabine de comando. Mas, muito pior que isto é a condição
daqueles que se colocam como indigentes à espera das migalhas que
são distribuídas em tempo de eleição. Andando por Manaus nesses
últimos meses testifiquei e me indignei com a corrupção entranhada
na alma dos que concebem o voto como mercadoria à espera do melhor
comprador. Sem rodeios, nem pudor, muitos vão logo perguntando pelo
valor da nota que virá junto com o santinho do candidato.
Eliana Calmon, ex-corregedora do CNJ, chamou nossa atenção para os bandidos de toga. É preciso que seus nomes sejam revelados para que a Democracia sobreviva.
Eleição,
na lógica corrompida da sociedade burguesa, é tão somente um
momento para se fazer bons negócios. Candidatos amealham e gastam
fortunas para ocupar cargos com o próposito de faturar, se eleitos,
várias vezes o que gastaram em campanha. Eis porque não enfrentam
muitas dificuldades para encontrar mau feitores querendo lhes
financiar. Diz o povo que, em face da Lei da Ficha Limpa, os juízes
aumentaram as taxas para deferirem os pedidos de registro dos fichas
sujas. Será folclore de um povo que gosta de inventar coisas e fazer
futricas? O fato é que, no Amazonas, parece que a Lei da Ficha ainda
não entrou em vigor. Adail Pinheiro, por exemplo, candidato
vitorioso em Coari, apoiado pelo Senador Eduardo Braga, apesar de
figurar na lista de fichas sujas do TCU, teve a sua candidatura
deferida sem muitos problemas.
Diz também
uma piada popular que, em tempo de eleição, o diabo esconde chifre,
rabo e tridente, veste paletó e lança sorrisos para todos os
lados. Quando termina a eleição e o caboco se vê com ele no
inferno, percebe, tarde demais, que foi enganado pelo coisa ruim.
Enquanto a cultura verdadeiramente democrática não se estabelece no
seio da maioria do povo, enquanto as eleições permanecerem como
momentos em que mau feitores e degenerados fazem bons negócios,
aquilo que existe para ser a celebração do poder popular continuará
servindo como mero teatro. Um teatro onde os vampiros se divertem e
fazem a festa.
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