O Segundo Turno 2012, a vitória parcial do BIPARTIDARISMO e o povo entre a cruz e a espada

O velho filme do BIPARTIDARISMO tem o PT e o PSDB como atores da versão em cartaz na atualidade.
  
 Por Fernando Lobato_Historiador

   As Eleições 2012 terminarão no próximo domingo com a realização do Segundo Turno e nos consola a perda de força parcial do "BIPARTIDARISMO" atual, ou seja, da disputa limitada ao PT e ao PSDB. A estratégia, entretanto, foi reeditada incluindo novos atores e, em Manaus, Vanessa e o PC do B foram escolhidos para fazer o papel do PT. Mas, mesmo com esses arranjos de última hora, ali e acolá a disputa fugiu ao esquema de polarização arquitetado para que o eleitor ignorasse as candidaturas vetadas ou desconsideradas pelas elites. Na maior metrópole brasileira parecia que a velha estratégia falharia com a ida de Russomano ao Segundo Turno. Na reta final, porém, a força do poder econômico e dos acordos costurados por debaixo do pano impulsionaram o galope dos cavalos do "BIPARTIDARISMO" e Russomano e o PRB acabaram ficando para trás.
    Desde o pós Revolução Francesa, quando o Estado Liberal se afirmou, o "BIPARTIDARISMO" tem sido utilizado como instrumento de controle dos processos eleitorais, visto que o fanstasma de Robespierre nunca deixou de tirar o sono das elites. E assim, Conservadores e Liberais passaram a travar uma disputa previamente consensuada entre os pólos formados pelas classes mais ricas, ou seja, entre a. Aristocracia e a Igreja de um lado e a Alta Burguesia de outro. O povo, formado pelos sobreviventes que garantem o alto padrão de vida dos que lhe exploram, continuou do mesmo jeito - sem lenço, sem documento e, sobretudo, sem nenhum direito de provar do Champagne e do Caviar que o PAC da época promovia. Mas eis que "baderneiros" socialistas começaram a embaralhar o jogo de cartas marcadas que então se fazia.

"Uma anedota comum na época do bipartidarismo da ditadura era dizer que no Brasil havia "o partido do sim" (a ARENA) e o "partido do sim, senhor" (o MDB)" - Fonte Wikipédia

    No Brasil, depois do BIPARTIDARISMO da ARENA e do MDB, implantado pela ditadura, continuamos assistindo a sua permanência apesar do PLURIPARTIDARISMO vigente no papel. É claro que, de lá pra cá, esse filme foi filmado e refilmado várias vezes. Na primeira versão pós ditadura assistimos "PDS de Maluf VERSUS PMDB de Quércia", sendo o PSDB de Covas e o PFL de Sarney e ACM coadjuvantes que também se destacavam. Maluf ficou no tempo e Covas, Quércia e ACM partiram dessa pra melhor, mas Sarney pulou pro  PMDB e lá permanece como guardião de interesses que defende desde a época dos Generais Presidentes. Muda a versão e os atores, mas ninguém lhe tira da assistência de direção. Com a saída de cena de Covas, FHC e SERRA herdaram o PSDB.
    Os "estúdios de produção" refilmaram e tentaram manter em cartaz a versão "PMDB versus PSDB", mas não contavam com a invasão das filmagens por um "sapo barbudo". BRIZOLA, antes de LULA, tentou, sem sucesso, a mesma façanha. Como o invasor não foi barrado pela produção, tentou-se abreviar-lhe a participação quando Roberto Jefferson abriu o verbo sobre o  Mensalão. A "produção", num erro fatal de avaliação, acreditou que Lula não sobreviveria à "cena" em que Jefferson lhe "atirou com balas de verdade", mas o moribundo não somente sobreviveu como também ficou mais forte ¨- ou será mais cínico?. E, já que essa filmagem pastelão virou sucesso de bilheteria,, "os estúdios" optaram pela contratação definitiva de Lula e do PT, agora dóceis, gentis e absolutamente dentro dos padrões de exigência do "mercado" audiovisual.

No fim das contas o bipartidarismo não passa disso: um acordo para que nada mude de forma acentuada, exceto a foto do mandatário pendurada na parede.

       E assim, em 2012, os telões dos TRE'S de três capitais -São Paulo/SP, Rio Branco/AC e João Pessôa/PB ainda anunciam a disputa final entre o PT e o PSDB, ou seja, dentro dos marcos do BIPARTIDARISMO atual. O público, tal como quem assiste uma luta de UFC, esbraveja fortemente em favor de um dos lados acreditando que a redenção finalmente está próxima, mas, pelo pouco que compreendemos da História, trata-se de uma daquelas decisões em que se fica entre a cruz pra se carregar e a espada para se autoflagelar. Mas nem tudo é mesmice e desesperança. Em Belém/PA e Macapá/AP vemos o PSOL avançando no processo de aglutinação dos setores descontentes e comprometidos com a superação da apatia geral. Apatia responsável pelo cinismo cada vez mais desconcertante dos que fazem da "POLÍTICA" um negócio bastante compensador para si e apadrinhados.
      A esperança de mudanças, quando surge no horizonte, vem sempre acompanhada das barreiras erguidas para conter-lhe o avanço. Eis porque é natural que filiados e dirigentes do PSOL de várias partes do Brasil demonstrem grande preocupação com os apoios aceitos em Belém e Macapá no Segundo Turno. Não creio, pessoalmente, que, no caso de vitória, Edmilson e Clécio se acomodem docilmente ao jogo de faz de conta da política brasileira. Creio que irão inovar e abrir caminhos nunca antes trilhados. Caminhos que demonstrarão a viabilidade de um modelo de gestão amplamente transparente e participativo. Essa, pelo menos, é a esperança que precisamos manter acesa dentro de nós. 

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