O MUNDO QUE ACABOU, O MUNDO QUE CONTINUA E O MUNDO QUE VIRÁ!


O mundo se faz e refaz de tempos em tempos, ou seja, já acabou e renasceu muitas vezes.
   
Por Fernando Lobato_Historiador

    Hoje, 22 de dezembro de 2012, um dia depois de mais um fim do mundo que não houve, me ponho a escrever algumas linhas sobre o disse me disse e fuzuê em torno do último dia do Calendário Maia. Destaco, em primeiro lugar, que, sob vários ângulos, o mundo acabou de verdade no dia de ontem. Acabou, por exemplo, para as sete vítimas do desabamento de um muro em Soracaba/SP. Acabou também para muitos dos que, de forma patológica, torciam para que tudo fosse pelos ares ou se esvaísse por buracos e abismos profundos e isso sem citar os que sofrem de depressão ou desencanto diante da vida, pois, nesses casos, o mundo já pode ter acabado há bastante tempo. Para outros, acabou apenas a chance de continuar faturando com o medo e a falta de informação de muitos. Cinema e mercado editorial fizeram a festa com a exploração de um dado aparentemente banal, mas que, nas mãos de marketeiros, se transformou em mina de ouro. Se os Maias não previram nada além de 21 de dezembro de 2012, foi porque o mundo deles acabou antes que pudessem fazê-lo, apenas isso.

Os gurus do mundo Maia, nem em sonhos, imaginaram que um dia tantos ganhariam tanto dinheiro em cima dos limites de seu calendário.


     O mundo que continua, se não acabou ontem, não tem muitas garantias a lhe assegurar uma continuidade ainda por muito tempo, pois é um mundo em crise e prestes a entrar em ebulição a qualquer momento. É um mundo hostil com a natureza e não apenas com rios, mares, fauna e flora, mas, sobretudo, com a natureza humana. É um mundo avesso à poesia e à possibilidade de uma vida mais contemplativa em relação à obra de arte erigida por aquele que a tudo criou. É um mundo vaidoso de si mesmo e que se autodestrói progressivamente de modo a não existir muita necessidade de forças externas para o destruir. É um mundo que caminha para o abismo e que se mantém resoluto na trajetória em linha reta. Nos EUA, republicanos e democratas discutem o “abismo fiscal” e os primeiros fincam pé na defesa intransigente dos mais ricos apesar do aprofundamento da pobreza que essa intransigência provocará na maior economia do mundo. Como diz o “filósofo” Lulu Santos em uma de suas músicas: “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia” e o dia de ontem foi mais um em direção ao fim do mundo que continua.
     Mas apesar das crises, o fato é que a propaganda apocalíptica não se consumou no dia de ontem e nem Cristo desceu das nuvens para resgatar seus eleitos. Todavia, no mundo que continua, os “profetas” da mídia de massa continuarão a vender suas “salvações” para os desesperados e esse, pelo que tudo indica, é um negócio que ainda deve crescer bastante. As palavras do Bispo Romualdo, da Igreja Universal, a seus liderados– ver vídeo no You Tube clicando aqui – exemplifica o que digo. Não procede, todavia, a tese de que a Terra estaria predestinada a ser destruída pela ira divina, pois em Eclesiastes 1:4 e Salmos 78:69 vemos passagens indicando que isso não passa pela mente do criador. A destruição do Apocalipse e de outros livros deve, portanto, ser interpretada metaforicamente, visto que o mundo de cada época é sempre uma realidade transitória, ou seja, ele já acabou e renasceu muitas vezes. O mundo que continua vai ter um fim, isso é certo, mas será substituído por um mundo ou ordem nova. A minha fé é que nela exista maior justiça, paz e amor entre toda a humanidade e que Deus possa finalmente dizer: VALEU A PENA TÊ-LOS CRIADO!

Comentários