Incitatus, a eleição do Renan e a vocação imperial do Lulismo

Se Incitatus assumiu o mandato não sabemos, mas há quem ache  que  ele seria um senador  bem mais barato que os do Brasil da atualidade. Para os que consideram que o Senado não ficaria bem na foto devo dizer que a maioria dos senadores brasileiros não está nem aí pra isso!

Por Fernando Lobato_Historiador

    O Senado de Roma, por volta do ano 39 DC, recebeu um membro de nome Incitatus. O novo membro foi nomeado pelo imperador Calígula e não era nem patrício nem um rico comerciante, muito menos um general que o imperador quisesse premiar pelos bons serviços prestados. Incitatus era tão somente o cavalo do Imperador. Isso mesmo! Incitatus era simplesmente um bucéfalo, mas um bucéfalo dedicado e leal ao divino imperador e, visto dessa ótica, digno de um lugar honrado na sociedade imperial romana. Calígula entrou para a História como um imperador louco e pervertido, mas, talvez, nesse ato, estivesse sinceramente demonstrando o tipo padrão de senador numa Roma submetida aos ditames imperiais. Um cavalo vai pra lá ou pra cá de acordo com os comandos que recebe, sendo razoável supor que Calígula estivesse, de forma pedagógica, mostrando o exemplo a ser seguido.


Ficção ou realidade?
    O Senado do Brasil, em 01.02.2013, elegeu a direção do biênio 2013-2014. Renan Calheiros, como previsto, foi escolhido para a presidência da casa. Calheiros, por razões biológicas e comportamentais, não é um bucéfalo como Incitatus, mas não se pode afirmar que sua nomeação não foi determinada por vontades com vocação imperial. Mesmo sendo um ficha-suja bem conhecido, Calheiros voltou à presidência por um acordo firmado entre o PMDB, o PT e o Planalto, onde Lula e Zé Dirceu, desde 2003, estão encastelados. Lula não é Calígula e nem a única vontade determinante na escolha de Calheiros, mas, segundo alguns, tem o poder de eleger até postes de iluminação para lhe representar. Seja por pura maldade ou não, dizem que Dilma foi o 1º poste e o próprio Haddad, eleito Prefeito de São Paulo, se identificou como o 2º. Meses atrás, Lula e Zé Dirceu se viram com poder suficiente para desacreditar o Procurador Geral e interferir no voto dos onze ministros do STF que julgaram o mensalão. Na onzena do STF, não menos que 08 togados foram nomeados por Lula ou Dilma e, segundo os nossos costumes “republicanos” corrompidos, seriam devedores de total lealdade ao palácio presidencial.
    É interessante observar que, nos discursos que antecederam a votação para a Presidência do Senado, poucos foram os senadores com coragem e cara de pau suficiente para apoiar a candidatura de Renan. Quando o fizeram, gastaram a maior parte do tempo fazendo elogios à gestão de Sarney que se encerrava e nenhum deles enfatizou com vigor as qualidades pessoais de Renan. De forma vexatória e despretigiosa para o antecipadamente eleito, assistimos inúmeros senadores subindo a tribuna para enaltecer as qualidades do oponente de Renan na ocasião, o senador Pedro Tacques (PDT-MT). Pedro Tacques, por sinal, brindou a todos com um brilhante discurso de derrota antecipada. Discurso muito bem construído e apresentado com oratória impecável. Brilhantismo e oratória impecável que foi ausente o tempo todo no discurso de Renan, cheio de rodeios e de enchimento de linguiça para cumprir o protocolo. No final, ainda ouvimos o nosso gênio do comércio da carne bovina dizer que ética é meio e não um fim da política. É pouco ou querem mais? Quem, como eu, queria ver, com os próprios olhos, mais um momento de edificação e louvor da mediocridade teve, na sessão transmitida pela TV SENADO, um prato cheio!

Comentários

  1. Tem gente que acredita em reencarnação, mas será que um animal pode retornar num corpo de homem? Não preciso estender em minúcias explicativas este meu comentário, pois dizem que para o bom entendedor um pingo é letra.

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