A Manaus Ambiental, O Dia Mundial da Água e a saia justa das adutoras “rebeldes”

Estas fotos são da adutora que estourou em janeiro. No Dia Mundial da Água, uma adutora no bairro Ponta Negra também resolveu se "rebelar".

Por Fernando Lobato_Historiador
No tempo da Ditadura Militar, toda vez que populares saiam ou ensaiavam sair às ruas para protestar por qualquer coisa, apareciam os tais agentes da Segurança Nacional para localizar e identificar os supostos agentes subversivos infiltrados na comunidade para insuflar o seu ânimo rebelde. Em tempos de desinteresse quase geral pela política ou pelo que os políticos fazem, quando o Bolsa Família é tratado como Programa de Combate à Miséria, apesar da permanência da condição miserável de muitos dos que recebem esse benefício. Enfim, quando a sociedade demonstra estar anestesiada ou conformada ou impotente diante do quadro geral de problemas, quem poderá defendê-la ou denunciar os problemas que a afligem ? Quem? Chapolin Colorado? O Super-Homem? Em Manaus, não foi nem um nem outro que resolveu agir e botar a boca no trombone para denunciar o caos da lógica capitalista neoliberal que governa a cidade, mas adutoras velhas e cansadas que, em face do desrespeito ao seus “direitos de aposentadoria”, resolveram se unir e rebelar contra os  patrões que as exploram.
No Dia Mundial da Água, mais uma adutora rebelde resolveu se insurgir se auto-imolando ou auto-estourando, deixando em pânico patrões indecisos e aflitos por não saberem qual será a próxima que assim procederá contra eles. No Dia Mundial da Água, uma dessas adutoras rebeldes resolveu proclamar o Dia Municipal SEM ÁGUA.  Para aqueles que estão acostumados a viver somente com o pão, pois a água dificilmente aparece mesmo, foi um dia como outro qualquer. Para aqueles que a recebem regularmente e ficaram sem o precioso produto foi um dia para refletir ainda mais sobre a sua preciosidade e importância para a vida tanto de manauaras quanto  de todos os que conosco dividem a vida nesse planeta azulado. O auto-sacrifício de mais uma adutora rebelde, no dia em que deveríamos nos lembrar do importante trabalho que elas executam e que muito pouca gente conhece e valoriza, foi um ato também pedagógico para nos lembrar que seu serviço não pode mais ficar submetido à lógica do lucro fácil e da reprodução ampliada do capital. Já que a Prefeitura de Manaus não deseja nem pretende cuidar da questão da forma como deve ser cuidada, as adutoras rebeldes parecem ter decidido forçá-la a isso.

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