A Águas do Amazonas, A Manaus Ambiental e a irmã caçula

Eis a tática criminosa do capitalismo: construir infraestrutura com dinheiro público  para depois colocá-la a serviço do lucro privado. É isso o que eles chamam de não intervenção do estado na economia?

Por Fernando Lobato_Historiador

O Diário do Amazonas, em manchete de 27.04.2013, informou a pretensão da Prefeitura de Manaus, junto com o Governo do Amazonas, de abrir licitação para a escolha de uma nova concessionária de abastecimento de água na cidade. Isso não significa, para tristeza de muitos, que o Prefeito Arthur Neto, finalmente, conforme linguajar que ele próprio utiliza, mandará a Manaus Ambiental pegar o beco.  Significa, isso sim, que depois da Águas do Amazonas e da Manaus Ambiental, a irmã gêmea que assumiu o seu lugar há pouco tempo num estratagema do ex-Prefeito Amazonino, o povo da cidade banhada pelos maiores e mais caudalosos rios do mundo e que é entrecortada por mais de mil igarapés, irá ter mais uma empresa para xingar e falar mal em face das tarifas elevadas e da prestação de serviços precários.
Alegam que a Manaus Ambiental não dará conta de operar o PROAMA - o novo sistema de captação de água que torrou quase meio bilhão de reais dos contribuintes e que, até agora, permanece inútil-. O que choca  não é a desconfiança em relação a Manaus Ambiental – óbvia até demais -, mas a obscenidade da privatização do PROAMA depois do bilionário gasto empreendido. Quanto custa operar o PROAMA? Muito provavelmente é um valor pífio comparado com o valor gasto na obra. Será que o poder público não teria os recursos e a capacidade de cumprir muito bem essa tarefa com baixas tarifas? Muito provavelmente sim, mas isso sequer é cogitado porque o foco é a entrega do patrimônio pago pelo contribuinte para a lucratividade dos "amigos do peito"  do setor privado.

      Pelo visto, além de não pegar o beco, a Manaus Ambiental ainda vai ganhar uma irmã caçula para dividir os efeitos colaterais de uma existência voltada para a produção de dividendos para acionistas ávidos por mais grana para especular. Se a coisa prosperar e se concretizar, não sem a oposição da sociedade civil organizada e consciente, vale a pena pesquisar os nomes dos principais acionistas da nova concessionária, pois, muito provavelmente, veremos tais nomes doando polpudas contribuições de campanha aos "amigos do peito" do setor público. Isso é o que poderá ser visto claramente, visto que será bem difícil enxergar os esquemas mirabolantes que serão montados para transferir dinheiro sujo para beneficiários pré-selecionados. Será que veremos a parentela de políticos ficando rica da noite para o dia? É esperar e conferir, pois, se a ideia ganhar corpo, isso, muito provavelmente, ocorrerá! O lucro de poucos estará ligado à conta para pagar de muitos! E pior, com sério risco de continuar sem água na torneira e sem esgoto tratado.

Comentários

  1. Prática comum nas negociatas dos políticos brasileiros com seus finaciadores de campanha. Mas se os eleitores fossem mais atentos, isso seria lembrado na hora de votar nesses políticos...

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    1. Esse é o problema Sacramenta, tem muita gente que não lembra nem em quem votou na eleição passada....imagina então quantos buscam prestar atenção nesses dados...apesar disso, não custa nada divulgar esses fatos e despertar a consciência de quem for possível....grande abraço amigão!!!

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