Por Fernando Lobato_Historiador
Xiitismo,
segundo o dicionario online.net, é a situação em que se assume posições ou
opiniões extremamente radicais. É um termo
que pode também ser utilizado para definir os que são incapazes de conviver com
opiniões contrárias. Significa também a depreciação da democracia, que nos aponta
para a tolerância com o diferente e o respeito aos direitos alheios. Em suma, o
xiitismo é a negação da política como instrumento de diálogo e negociação de
pactos coletivos. É a opção, doentia e irracional, pela guerra declarada e sem
trégua aos rotulados como inimigos. É o apelo pseudo-religioso, visto que é a negação do divino que há em nós, à destruição literal dos "demônios"
que supostamente impediriam a chegada
até ao "céu".
O
xiitismo nos remete a era medieval. Era em que a mente do Dep. Marco Feliciano
permanece presa. É dessa época a tese que admitia que os índios não tinham alma e,
assim, seriam meros animais falantes. Também é dessa época a interpretação bíblica
acerca da descendência dos negros de Cam, o filho que Noé, de cabeça quente, amaldiçoou
e condenou à
escravidão.
A impotência ou conivência da Igreja
diante da escravidão de índios e negros na América a fez apelar para uma
suposta "justificação"
teológica dessa realidade, negando e desviando-se do Evangelho de Cristo, que
diz que todos somos filhos do mesmo Deus e, por conta disso, iguais e dignos do
seu amor. Feliciano, infelicianamente, se diz evangélico professando concepções
equivocadas das quais a própria Igreja Católica já fez o seu MEA CULPA.
Felizmente, vemos evangélicos sensatos fazendo críticas as posições de Feliciano (ver matéria aqui). Todavia, vemos outra
parte criando e inflando o que chamo de FELICIANISMO – defesa de sua
permanência na Comissão de Direitos Humanos – como se isso significasse uma guerra
santa em defesa de suas igrejas. Uma coisa nada tem a ver com a outra, mas
serve para demonstrar o nível de alienação política desse movimento. É
importante também ressaltar que o xiitismo está sendo praticado também pelos
defensores dos direitos e liberdades dos LGBTS. Confundem ou querem nos
confundir acerca das diferenças entre apologia ao homossexualismo e liberdades
civis. Uma coisa também não tem nada a ver com a outra, de modo que não é
HOMOFÓBICO quem não vê a homossexualidade como algo plenamente natural e não passível
de qualquer censura.
Agredir,
ofender ou não observar direitos garantidos a todos por puro preconceito contra os gays é
HOMOFOBIA, mas ter opinião diferente daquela que os LGBTS desejam que seja
regra geral não é. O aspecto lamentável
dos pólos em disputa diz respeito ao seu poder de mobilização. São grupos que promovem
as maiores marchas da atualidade (A Marcha do Orgulho Gay e a Marcha pra
Jesus), mas são grupos que pouco se mobilizam para discutir ou enfrentar
problemas coletivos de grande importância como a corrupção na política. Pra
piorar o quadro, nas EleiçÕes 2012 de Manaus, tivemos um pastor denunciando o MENSALINHO recebido por pastores para
declarar apoio para este ou aquele candidato – ver matéria aqui -. Vemos, nesse
caso, que os paladinos da moralidade são muito bons no julgamento e acusação do
próximo, mas não tão bons na observância de uma ética condizente com o
evangelho que dizem observar.
De outro
lado, vemos os LGBTS se mobilizando para garantir seus direitos e nada podemos
censurá-los nesse sentido. Gostaríamos, todavia, de vê-los se mobilizando com a
mesma intensidade para defender também os direitos coletivos mais gerais como a
defesa de um sistema econômico mais justo, o mínimo de 10% do PIB aplicados na educação
pública e por aí vai. Será que dá pra esperar que saiam coelhos dessas matas? Pro
bem geral, seria bom que isso acontecesse!!!
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