Cena do filme AMISTAD, de Spielberg, que retrata um pouco do que foi o tráfico negreiro da África para a América |
Por Fernando Lobato_Historiador
O 13 de maio se aproxima e com ele a nossa lembrança
vergonhosa de mais de três séculos e meio de escravismo. É sempre importante
frisar que a escravidão foi uma prática apoiada tanto pelo governo colonial
português quanto pelo governo brasileiro “independente” (até 1888). A maioria
das pessoas, quando pensa no capitalismo como sistema, o vincula aos
desdobramentos da Revolução Industrial, ou seja, a aplicação das máquinas no
sistema produtivo e a consequente massificação do trabalho assalariado mundo
afora. Todavia, é importante esclarecer que, antes da escravidão pós-moderna do
mundo atual, o capitalismo forjou o que os historiadores chamam de ESCRAVIDÃO
MODERNA, ou seja, aquela que foi implantada no mundo colonial submetido às
nações europeias em franca expansão marítimo-comercial, principalmente,
Portugal, Espanha, França e Inglaterra.
A ESCRAVIDÃO MODERNA tem esse nome para que seja
diferenciada da ESCRAVIDÃO ANTIGA, aquela que foi praticada na antiguidade, tais como na Grécia e em Roma. Entre a ESCRAVIDÃO
ANTIGA e a MODERNA há um hiato de cerca de mil anos do SERVILISMO típico do
FEUDALISMO, o antecessor do CAPITALISMO. E assim, precisamos da clareza de que,
sem o chamado Capitalismo Comercial Monopolista, o saque e a devastação das
Américas e da Ásia nunca teria ocorrido, bem como jamais teríamos tido conhecimento
de algo tão monstruoso como o TRÁFICO NEGREIRO, fonte de angústia e lamento do
grande poeta Castro Alves. Diz o
apóstolo Paulo, em I Timóteo 6:10, que o AMOR AO DINHEIRO É A RAIZ DE TODA A ESPÉCIE DE MALES e, sem
o estímulo a esse o amor, é certo que o capitalismo não teria se desenvolvido a
ponto de cometer tantas insanidades
contra a vida humana nesse planeta.
Infelizmente, porém, vemos a predominância desse amor promovendo corrupção de todos os tipos, além da destruição brutal da natureza. A
pressa e ansiedade governamental para a realização dos leilões para exploração
de petróleo em nossa costa é um bom exemplo disso, apesar de todos os riscos
e graves problemas que essa exploração poderá provocar no futuro próximo.
Vendem isso com o argumento de que grande parte dos resultados será revertida para o investimento público em educação. Será mesmo? Me parece que esta historinha
está muito parecida com aquela que dizia que o Projeto Copa do Mundo 2014
serviria para criar infraestrutura de grande envergadura para a melhoria da
qualidade de vida urbana nas cidades sede. Pergunto: onde estão essas melhorias
a quase um ano do início do evento? Quando vemos os grandes tubarões do
petróleo participando desses leilões, ficamos com a certeza de que se trata de
outro golpe que será aplicado contra o povo brasileiro (ver matéria aqui). A vida humana e o interesse do
povo nunca tiveram boa cotação no
mercado de ações.
Mais
recentemente, outros dois fatos veiculados pela grande mídia comprovaram essa
baixa cotação. No primeiro deles, o mundo testemunhou a triste e miserável
realidade de um país chamado BANGLADESH. Mais de 900 trabalhadores perderam a
vida porque o RELÓGIO DO GRANDE CAPITAL NÃO PODE PARAR SEQUER UM SEGUNDINHO,
apesar de todas as evidências apontado essa necessidade. Mesmo diante de
rachaduras que aumentavam a olhos vistos, patrões não permitiram o atraso das
encomendas de seus clientes (donos de marcas de roupas famosas e por isso muito
caras). O resultado desse amor insano ao dinheiro tem aparecido quase todos os
dias na grande mídia (ver matéria aqui). Outro fato foi a revelação de um esquema de corrupção e
desvio de verba pública no Hospital do Câncer de Campo Grande (ver matéria aqui). Entre o amor à vida,
principalmente quando se trata da vida dos outros, ainda que de parentes e
pessoas da família, e o amor ao dinheiro, vemos a lógica ou racionalidade
capitalista nos pressionando, ainda que disfarçadamente e de forma sutil, em
favor da segunda opção. Você, que me lê
nesse instante, já fez a sua?
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