Arthur, Omar e a "arte" de vender gato por lebre

Arthur e Omar na venda de mais um bichano disfarçado de lebre.


Por Fernando Lobato_Historiador

“Hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”. A frase é de La Rochefoucauld, pensador francês do século XVII, mas continua atualíssima, principalmente, quando constatamos o talento para vender gato por lebre da classe política amazonense. Anos atrás, Eduardo Braga, junto com Omar, vendia uma “lebre” chamada Copa do Mundo em Manaus e, hoje, muitos já estão convencidos de que foram iludidos. Outra “lebre” que Eduardo e Omar venderam foi o PROAMA, tido como solução definitiva para a falta de abastecimento de água em Manaus.  Tem também a “lebre” do Gás de Urucu, já vendida, e a “lebre” do Monotrilho, ainda em processo de venda, ou seja, tem muito bichano de rua que o povo já comprou ou ainda vai comprar por um preço bem elevado.
No último dia 26 de junho, Omar, agora junto com Arthur, vendeu à população mais um bichano de rua ao anunciar o retorno da tarifa dos ônibus de Manaus para R$ 2,75. Como de praxe, chamaram a imprensa para anunciar que tinham uma “lebre” para vender. Num primeiro momento, até acreditei que se tratava mesmo de uma lebre, mas quando olhei mais atentamente os detalhes que determinaram a redução da tarifa, vi, com clareza, o rabo escondido do bichano. Pelo que foi consumado, a coisa ficou assim: o usuário paga R$ 2,75 na catraca e mais R$ 0,25 ou até mais através dos impostos que paga todo santo dia, ou seja, vai continuar pagando R$ 3,00 ou até mais. Embora simples, trata-se de uma conta que muita gente não consegue fazer por não atentar que os R$ 0,25 ou mais vão sair do seu bolso.
É interessante que o truque para esconder o rabo do bichano começou em Brasília, com a isenção de PIS e COFINS para os empresários do setor, passou pelo Palácio de Governo, onde Omar os isentou do IPVA e aceitou repassar-lhes R$ 12 milhões de subsídio anual e foi concluído na sede da Prefeitura de Manaus, onde Arthur estendeu a mão com mais R$ 8,4 milhões por ano. Esses dados foram divulgados pelos próprios vendedores do bichano (ver matéria).  Analisando-os, me chama a atenção a capacidade técnica da Prefeitura de Manaus para avaliar impactos no orçamento, visto que o custo de compra do bichano já foi avaliado em R$ 200 milhões. Depois das empreiteiras que construíram os estádios da Copa, os empresários do transporte público de Manaus devem também estar rindo à toa.

E como 2014 já está às portas, fico aqui me perguntando se tão boa vontade dos governantes com o caixa dos empresários do transporte não será recompensada na hora em que as porteiras para arrecadação de doações eleitorais forem abertas. Ministério Público! o povo foi às ruas para derrubar a PEC 37, chegou a sua vez de retribuir à solidariedade popular agindo contra os que vendem bichanos de rua como se fossem lebres. 

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