Existem mais conexões entre a ficção e a realidade do que pode supor a nossa vã filosofia |
Por Fernando Lobato_Historiador
O filme “MATRIX”
tem um roteiro interessante porque nos faz perceber que a ficção, por mais
fantasiosa que possa parecer, sempre apresenta conexões com o mundo real e,
nesse sentido, podemos afirmar que, em nosso mundo inundado por informações
online ou midiatizadas, é cada vez mais difícil perceber a diferença entre o que
é real e o que é ficcional. Mas, apesar dessa invasão do ficcional na vida
real, não podemos nos deixar enganar e manipular por ele. É preciso que
saibamos distinguir claramente quando uma ficção quer se assumir como
realidade. Eis porque, após OBAMA chamar a imprensa para anunciar sua intenção
de punir o governo sírio por seus supostos crimes contra a humanidade, temos
todos os motivos pra dizer: ESSE FILME EU JÁ VI!
O grave do
anúncio de OBAMA é que se trata de um enredo ficcional dando sentido a um
roteiro de ações no plano real, ou seja, à parte dois da GUERRA CONTRA O
TERROR. Na parte 1, o inimigo era BIN
LADEN e o império aproveitou a deixa para agir no Afeganistão, no Iraque e na
Venezuela. O Afeganistão, segundo o roteiro, seria o esconderijo de BIN LADEN.
O Iraque, segundo o mesmo roteiro, guardaria armas químicas que poderiam lhe
ser oferecidas. A Venezuela não estava no roteiro e, por isso, o império agiu através
de golpistas aliados que, sete meses depois do atentado às torres gêmeas, tentaram
afastar Hugo Chavez do poder. O golpe também ocorreu num dia 11, ou seja, em 11 de abril
de 2002. O petróleo da Venezuela, assim como o do Iraque, também estava sob os
cuidados de um “ditador” que se recusava a cooperar.
Na parte 2 da
Guerra contra o Terror, o inimigo é outro porque BIN LADEN saiu de cena em face
de um roteiro que não tinha mais como ser readaptado. E assim, BASHAR Al-Assad assumiu
o papel de vilão cruel que precisa ser detido pelos mocinhos de Washington.
Antes de começarem a desferir disparos contra o novo vilão, há fortes suspeitas
de que “nossos mocinhos” estão por detrás do afastamento da Irmandade Muçulmana
do poder no Egito e, pelo tamanho dos massacres cometidos por lá, já é possível
antever que a nova ditadura – pró EUA - será ainda mais cruel que a de Mubarak. Esse fato demonstra que o tal bom mocismo
americano em defesa da democracia e dos direitos humanos somente vem a tona quando
se trata de tirar de cena os que não rezam na sua cartilha. E aí vem a pergunta:
Quem é mesmo o vilão?
Bashar Al-Assad, assim como BIN LADEN, é
um vilão útil que conduz os mocinhos para a cena seguinte e esta, pela lógica
presente na parte 1, deve ocorrer no Irã dos Aitolás, outro inimigo com enormes
reservas de petróleo. França e Turquia, ávidas pela sua parte nos despojos de
guerra, já se colocaram como parceiras na nova empreitada. Obama, não querendo deixar a poeira sentar, já concluiu, antes mesmo da ONU, que Bashar Al-Assad
usou armas químicas contra seu próprio povo. Como um “bom democrata”, convocou
o Congresso Americano para falar em nome do povo. O previsível é que a bancada
ligada às multinacionais de armamento e de petróleo vão impor sua agenda e
autorizar OBAMA antes que a ONU, quem sabe, conclua que não há como incriminar
o “terrível e cruel ditador” sírio. O tempo da parte 2, porém, é outro e o tiro da elite
americana pode, dependendo da disposição da população de se opor à guerra, sair
pela culatra.
O roteiro da parte 2, apesar dos atrasos e
imprevistos, está pronto para ser
encenado de forma real, resta saber se os atores vão portar-se dentro do
figurino esperado. O povo americano, desconfiado e de barba de molho com a
parte 1, tem tudo para ser o grande fiel da balança. Será que novos atentados
terroristas ocorrerão para convencê-lo
de que esse belicismo é necessário? China e Rússia, quando a loucura foi feita,
vão assistir o avanço imperial de EUA e aliados com passividade? Percebe-se, na
postura de Obama, uma grande pressão para que a ação imperial ocorra sem demora.
Estaria em curso um plano ambicioso para desestabilizar também os regimes
desses dois países? Pelo sim pelo não, o certo e mais confiável, diante da
evidente insanidade das lideranças ocidentais, é o fortalecimento das correntes
civis pela paz em todo o mundo. Somente com o crescimento vigoroso dessa
corrente será possível evitar uma grande catástrofe. Catástrofe que os
estrategistas capitalistas podem estar considerando como absolutamente
necessária para redesenhar o sistema. Já dizia Erasmo de Roterdã há séculos
atrás: É A LOUCURA QUE GOVERNA O MUNDO!!!
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