Disse La Rochefoucauld: "Hipocrisia é a homenagem que o vício rende à virtude" |
Por Fernando Lobato_Historiador
“Hipocrisia é
a homenagem que o vício presta à virtude” é uma frase do filósofo francês La
Rochefoucauld escrita no século XVII. De vez em quando a uso neste espaço em
face de acontecimentos da política nossa de cada dia. Dessa vez, ela veio-me à
mente quando assistia, pela TV ASSEMBLÉIA DO AMAZONAS, a cerimônia de entrega
da Medalha Ruy Araújo à Eliana Calmon, ministra do STF que recentemente deixou
a Corregedoria do CNJ. Eliana Calmon, como todos sabem, se notabilizou por
abrir o verbo contra os membros de sua própria classe. Sem papas na língua,
disse que os bandidos de toga existem em grande número no Brasil e, em face
disso, acabou assumindo a condição de paladina na caça a bandidos que, assim
como ela, vestem-se de preto e gozam de grande prestígio em nosso STATUS QUO
neoliberal ou BURGUÊS.
Em seu
discurso à plenária, Calmon frisou que sua condecoração tem relação com a valorização
de sua postura rebelde contra o sistema e com seu posicionamento institucional
fora da zona de conforto que a grande maioria costuma observar para evitar a
compra de brigas inglórias e difíceis de vencer. Conforme a TV ALE-AM focava
políticos, magistrados e personalidades presentes, ficava claro o descompasso
entre as palavras de Eliana e a história de vida da maioria daqueles que a telinha
mostrava. A maioria que ali rendia homenagens à Eliana não ascendeu com rebeldia,
mas com subserviência aos poderosos e talvez nunca, jamais ou em tempo algum, teve
a ousadia de se situar fora da zona de conforto da qual falava Eliana. Eis
porque La Rochefoucauld martelava em minha cabeça.
E no dia em
que Calmon era homenageada em Manaus, o STF iniciava uma reviravolta no
julgamento do mensalão. Tido até aqui como uma instituição disposta a fazer
justiça sem ver a quem, ou seja, com a venda e a espada que simboliza o seu poder,
o STF caminhava, apesar da lentidão de praxe e dos recursos intermináveis, para
botar, pela primeira vez na história desse país, ex-ocupantes do alto escalão
da república no xilindró. Tudo parecia indicar que, finalmente, começaríamos a
deixar de ser, pelo menos um pouquinho, A TERRA DA IMPUNIDADE.
As nuvens que se postaram sobre o STF nos
indicam uma mudança radical nas condições meteorológicas. Chuva grossa se forma
no horizonte e o descrédito geral do estado neoliberal parece sugerir uma
antecipação das mobilizações de rua esperadas para junho do ano que vem. Celso
porá a pizza no forno? Por
suas declarações preliminares, vemos que ele já botou o avental, o chapéu e a
luva de pizzaiolo. Se mudar o voto, será em face daquele ditado popular bem
conhecido de todos: QUEM TEM, TEM MEDO!
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