Por Fernando Lobato_Historiador
Aécio Neves,
pré-candidato do PSDB à eleição presidencial de 2014, já começou sua campanha visando
ocupar a cadeira mais cobiçada por políticos e grupos poderosos de nossa extremamente
desigual sociedade brasileira. Banqueiros, grandes empreiteiros, financistas,
empresários de grande porte, latifundiários e reacionários de vários matizes se
irmanam para promover seus pupilos envolvidos na disputa. Evidentemente, tendo
em vista que um presidente ou presidenta sem compromisso com a ordem tem o poder de abalar a sua base de
poder, empenham-se, de todas as formas, para ter quase todas as cartas do
baralho nas mãos. Dilma, Lula, Zé Dirceu e o PT são cartas cooptadas e confiáveis desde 2003,
mas Aécio é cria do PSDB de FHC, Serra e Alckmin, ou seja, vem de uma geração
que já prestou e ainda presta grandes serviços aos que sempre mandaram nesse
país e, por conta disso, é carta que não pode ser desprezada ou descartada.
Aécio tem aparecido
na telinha propondo uma conversa com os brasileiros e, tal como lobo que
se traveste de cordeiro, busca vender a imagem de homem humilde, simples e bem
intencionado. Como é uma carta do baralho que, em tese, está em oposição ao PT
de Lula, Dilma e Zé Dirceu, tem a obrigação de apontar os erros e mazelas da
atual gestão. Nesse aspecto, tem diante de si farto material para explorar e
expor como forma de convencimento daqueles que quer o voto em 2014. Mas, apesar dos trunfos disponíveis,
para desespero dos que nele apostam suas fichas, Aécio se limita a fazer uso de uma conversa mole que não convence ninguém. Para piorar, tenta focar o
futuro buscando negar ou ocultar o fato de que o PSDB governou oito longos
anos antes de Lula. Prestando atenção em sua conversa mole fica evidente que
ele não quer falar, por exemplo, no MENSALÃO DO PT. Por que? Porque trata-se de um tema também delicado aos tucanos e ele, se subir a rampa do Planalto, pode também vir a ter um pra chamar de seu.
Aécio, na
conversa mole com os brasileiros, fala de trabalho e fala também das
dificuldades e sofrimentos do trabalhador. Não fala, porém, na exploração dos trabalhadores
pela lógica capitalista com a qual está comprometido.
Por que ? Porque é mais um
que não pretende mexer no MODUS OPERANDI do sistema. É mais um que vai defender
os interesses dos que exploram nosso povo e assim querem continuar.
Aécio diz, em sua conversa mole, que foi o trabalhador que mudou o país com seu
trabalho e não Lula ou o PT. Aécio está equivocado, visto que o Brasil não
mudou praticamente nada, o que mudou foi o PT e a forma como os de cima exploram
e alienam os de baixo. Antes, a massa era duramente explorada e recebia quase
nada em troca. Hoje, ela continua duramente explorada e assoberbada com uma
carga brutal de impostos, mas recebe alguns “favores” (bolsa disso e
daquilo e crédito facilitado para se endividar até o pescoço). São esses “favores”
que fazem a massa ainda crer que Lula,
Dilma e o PT continuam seus amiguinhos. Ledo engano, eles já mudaram de lado
faz tempo.
Aproveito o ensejo para mandar um recado ao
Aécio: É MELHOR SE ASSUMIR LOGO COMO CANDIDATO DOS RICOS E PODEROSOS, pois,
pelo menos assim, seu discurso fica menos artificial e, quem sabe, ganha a
simpatia e o voto de um setor da classe média que se identifica com os de cima e
torce o nariz para os de baixo.
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