Por Fernando Lobato_Historiador
Diógenes de
Sinope foi um filósofo da Grécia Antiga que viveu numa fase de grande
decadência moral, sobretudo das instituições políticas. É tido como o pai da
filosofia cínica ou cinismo. É filósofo de uma época em que filosofia não era
mero discurso retórico, mas prática a ser vivida ao longo de toda uma vida. Dizem
que vivia num barril igual ao do Chaves, personagem infantil e cômico da TV. Vivia
assim para provocar e confrontar o estilo de vida dominante na época,
essencialmente voltado para a pompa, a ostentação e o luxo. Dizem ainda que,
certa vez, quando o homem mais poderoso do mundo de sua época, Alexandre – o grande
-, o encontrou deitado, em pleno dia, numa calçada de rua, teria se apiedado
dele e lhe dito: Que queres que faça por
ti? Diógenes, tranquilo e calmo, teria lhe respondido mais ou
menos assim: que não atrapalhes o meu
banho de sol. Alexandre, em face da gargalhada geral que se seguiu a
resposta daquele que a maioria via como mendigo e perturbado mental, teria
silenciado a todos com outra resposta surpreendente: SE EU NÃO FOSSE ALEXANDRE, GOSTARIA DE SER DIÓGENES.
Penso que
Diógenes nunca foi um cínico, mas um homem engajado na denúncia, através de seu
estilo de vida desapegado, da corrupção e decadência moral de sua época.
Cinismo, no meu entender, é ter a cara de pau de mostrar um pedaço de pau e
tentar fazer crer, através de mil e um artifícios retóricos, ou seja, do máximo
que a técnica sofista pode oferecer, que se trata, “na verdade”, de um bom
exemplo do que é um pedaço de pedra. Eis o que é, na verdade – agora sem aspas
-, a “pizza” assada ontem no STF. Pau virou pedra diante de mais de 190 milhões
de brasileiros. Diz a crença cristã que Cristo ressuscitou ao terceiro dia e
que, em vida, teria também ressuscitado a Lázaro. O STF, após anos de revisão, discussão
e outros “ãos”, ressuscitou um tal de Art. 333 do REGIMENTO INTERNO. Dizem que Cristo voltará para salvar os que lhe
forem fiéis, mas este tal Art. 333 RESSUSCITADO parece ter vindo de
encomenda para salvar da cela mais de uma dezena de fiéis, ou melhor, de “sacerdotes”
do “templo” de nome MENSALÃO. Trata-se, é certo, de um “templo” de longo funcionamento
e que acolhe e já acolheu “sacerdotes” de várias denominações para além do PT.
No fim das
contas, o voto de Celso não foi de MINERVA, pois Minerva, a deusa da mitologia
romana, é uma das muitas formas como a noção de JUSTIÇA busca ser representada.
O voto do Celso foi o voto do ME ENERVA. O voto do fazer aflorar os nervos de
uma população já cansada de tanto faz de conta e enganação. Foi o voto que
afirma e reafirma uma certeza que todos temos: CADEIA, NO BRASIL, FOI FEITA
EXCLUSIVAMENTE PARA POBRES E DESAMPARADOS. A retomada do julgamento do mensalão
tem tudo para se transformar numa grande sessão pastelão. Uma sessão pastelão
em que as pizzas e as tortas estarão sendo atiradas na cara daqueles que estão
do lado de fora do tribunal.
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