Estudos científicos apontam que há mais relações entre a crise econômica e a crise climática do que pode supor a vã e criminosa "filosofia" capitalista de nosso tempo. Tempo, aliás, de supertufões como o da foto. Tempo de despertar para o que disse YEB SANO na Conferência do Clima da ONU: "É preciso parar essa loucura".
Por Fernando Lobato_Historiador
Quem prestou
atenção no noticiário da tragédia que atingiu as Filipinas deve ter reparado no
uso do termo “supertufão” para o fenômeno. Um tufão já é algo com alto poder
destrutivo e o uso do “supertufão” quer enfatizar um reforço enorme nesse poder.
Quem observa as imagens divulgadas da tragédia sofre um impacto logo de cara.
As cenas insinuam mais o efeito de uma bomba atômica do que de um fenômeno da
natureza. É assustador! Todavia, muito pior do que o cenário apocalíptico que
as cenas mostram, é a dor, sofrimento, angústia e enormes privações porque
passam os sobreviventes da tragédia. E, nesse aspecto, fiquei perplexo com
informes da imprensa que diziam que o governo filipino estava deslocando , num momento crítico em que milhões aguardavam socorro, militares
para conter saques. Foi divulgado, inclusive, que a declaração de Lei
Marcial para tentar estabelecer a ordem no meio do mais absoluto caos.
Que ordem é
essa que o governo queria garantir?
Será que se tratava da ordem capitalista que diz que a defesa da propriedade
privada é a maior função do estado, acima, inclusive, dos direitos humanos? É complicado julgar um governo na situação do filipino, mas, se tais informações são verdadeiras,
verifica-se uma completa inversão de valores. Notícias falavam de caminhões que
precisavam continuar recolhendo corpos e –ao mesmo tempo - distribuindo
alimentos, remédios e água e que não circulavam por falta de combustível. Outros diziam
que não havia falta de combustível, mas simples recusa de proprietários de postos de vender seus estoques temendo saques. No meio do caos, é difícil saber a real veracidade dessas notícias, mas o certo é que, o passar dos minutos vão aumentando não as
vítimas fatais do “supertufão” – que já se foi -, mas do “vendaval” de
valores invertidos que a obsessão e o apego a bens materiais impõem numa sociedade
que, mais do que nunca, precisa se unir para poder reagir.
Coerente e, sobretudo,
comovente, foi o rosto em lágrimas do representante filipino na Conferência do
clima que a ONU promove na Polônia. YEB SANO utilizou frases profundamente
significativas para povos e governantes de nosso mundo em crise e à beira do
caos. “A crise climática é uma loucura” e “nós podemos consertar isso. Nós
podemos parar essa loucura”, pronunciou para depois anunciar uma greve de fome
não apenas para protestar contra o que estava denunciando, mas também para
sentir na pele um pouco do que seu povo sentia a milhares de quilômetros dali.
YEB SANO tem grandeza para se sentir e se colocar no lugar do outro. Qualidade
que parece faltar em grande parte dos dirigentes desse país que sofre e agoniza e essa,
talvez, seja a sua maior tragédia.
Que Deus nos
livre e guarde não apenas dos “supertufões” e dos tufões normais, mas de todo e
qualquer tornadozinho minguado que se aproxime da banda de cá. Quem viu o
estrago e a morte que simples chuvas causam num país em que boa parte da
população mora em áreas de risco, sabe muito bem do que estou falando. Na banda
de cá, a insensibilidade e perversidade de nossa classe dirigente é tão grande
que muitos chegam a torcer pelas tragédias, pois imaginam que, estando eles no
cargo, vão ter muito para desviar e
enfiar no bolso. A Região Serrana do Rio, depois da tragédia que ceifou mais de
mil vítimas, é um belo exemplo de como o dinheiro é liberado, mas não chega aos
vitimados.
|
Comentários
Postar um comentário