O Dia 20 de Novembro é mais importante que o 7 de setembro e o 15 de novembro e merece ser declarado como Dia Nacional da Consciência da Liberdade. Uma data de celebração de todos os brasileiros.
Por Fernando Lobato_Historiador
O Dia 20 de
novembro não é uma data para ser comemorada apenas pelos irmãos de pele negra
do Brasil, mas por todos os brasileiros que lutam e sonham com uma pátria que
possa ser chamada, sem nenhum receio, de mãe gentil. Diferentemente dos
Estados Unidos da América do Norte, o Brasil não nasceu com o propósito de um
dia ser uma pátria, mas tão somente o lugar onde uma minoria exploraria uma
maioria considerada incapaz de reagir e ameaçar o poderio de seus opressores.
Boa parte dos “heróis” que povoam nossos livros de História, principalmente os
antigos, ainda goza de status que precisariam ser revistos, mas a História,
enfim, ainda é uma ciência muito jovem e que, apesar da falta de incentivo
oficial, vai se fortalecendo no sentido de uma recuperação mais correta e real
do passado. Passado que nossas elites sempre macularam e maquiaram visando
contar a história que lhes interessava contar e perpetuar.
O Dia 20 de
novembro é, no meu entender, mais importante simbolicamente que o 7 de setembro
(Independência) e o 15 de novembro (Proclamação da República). É, sem dúvida,
muito mais importante que o 13 de maio (Abolição da Escravatura), uma data,
convenhamos, mais para ser esquecida do que lembrada, pois é o atestado
vergonhoso de nosso passado de mais de três séculos e meio de escravidão negra
oficial. O Dia 20 de novembro, portanto, é uma data a ser transformada num
grande momento de congraçamento da nação brasileira consigo mesma. Uma data para a celebração da nossa dignidade e de nossa coragem para encarar o presente e o
futuro de forma mais altiva e feliz. O 20 de novembro, data da morte de Zumbi,
poderia se chamar “Dia Nacional da Consciência da Liberdade”, pois é a
comprovação de que vale a pena resistir e encarar os inimigos da liberdade.
Zumbi, antes de tombar, nasceu e viveu livre, junto com mais de 20 mil comunitários. Sua comunidade, por mais de um século, foi uma “ilha” de liberdade no meio de um extenso "mar" de escravidão.
A elite
escravocrata brasileira, somente com muito esforço e muito dinheiro empregado - 18 expedições, mais de 7.000 mercenários e muito armamento pesado-,
conseguiu destruir o Quilombo de Palmares. Era preciso destruí-lo mais pelo seu
significado simbólico e imaginário do que pelo valor comercial dos milhares de
escravos foragidos que lá se viviam e lá constituíram famílias livres. Palmares era a prova cabal e concreta
de que um novo Brasil era possível – sem exploradores e sem escravidão. Era a
materialização do sonho de todos os escravos do Brasil. Não era o utópico, mas sim
o tópico instalado nas matas de Alagoas. Era uma referência incômoda e
desconfortante para uma elite que o via não como o sonho de todo negro escravo,
mas pesadelo contínuo que precisava extirpar para promover e difundir o
conformismo e a aceitação do “normal”. Eis porque Zumbi e Palmares
precisam ser celebrados com pompa e grande participação popular. É o Dia
Nacional da Consciência da Liberdade. Viva Zumbi! Viva Palmares! Viva o povo
brasileiro que resiste!
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