A Teologia da Unificação, a vida de Mandela e a feliz celebração de uma despedida

Mandela parte reverenciado por Obama e inúmeros líderes mundiais, mas, até 2008, ainda tinha o seu nome numa lista de terroristas mantida pela CIA.

Por Fernando Lobato_Historiador



A Teologia da Unificação, vivida e professada pelo Reverendo Sun Myung Moon, define o sentido da vida e o alcance da máxima felicidade numa única frase: VIVER PARA OS OUTROS. Somente na vivência de uma vida devotada ao bem comum é possível uma clara percepção da natureza humana e divina presente em cada um de nós. O homem, diz a mesma teologia, foi projetado pelo criador para assemelhar-se a ele em grandeza de caráter e coração e isso, obviamente, somente começa a se manifestar quando temos a clareza de que a felicidade que todos buscamos não está dentro de nós, mas na alegria que sentimos ao produzir alegria ao nosso redor. A felicidade é como um eco, ou seja, só é sentida quando o bem que se faz é projetado e encontra um objeto em que impacta e retorna.

A celebração alegre que o povo sul-africano faz na despedida de seu líder é um “eco” que deve estar levando o espírito de Nelson Mandela às raias da alegria. Ele, lá do outro plano, deve estar dizendo que não merece tanto. Que poderia ter feito muito mais, mas não fez. Deve estar dizendo que, apesar de sua luta e sacrifício, os sul-africanos ainda vivem num grau muito elevado de pobreza. Que as injustiças ainda são enormes e que o povo ainda tem muita coisa para lutar e enfrentar pela frente. Deve estar dizendo que sua contribuição foi pequena e que o povo está sendo generoso demais. O povo sul-africano, todavia, não concorda e desdenha da modéstia de Mandiba. De forma ordeira e pacífica, ocupa as ruas e os espaços públicos para demonstrar seu afeto e carinho para com aquele que dedicou sua vida para defendê-lo.

É na passagem deste plano para o outro que se verifica o quanto o  que parte é amado pelos que ficam. Mandela, a julgar pelas demonstrações de afeto e reverência de seu povo, parte feliz e com plena certeza de que tudo que fez valeu muito a pena. Parte também prestigiado pelas maiores autoridades de nosso mundo injusto, caótico e em profunda crise. Todavia, os líderes de EUA, INGLATERRA, ISRAEL deveriam aproveitar a oportunidade para pedir desculpas pelo apoio que deram ao Regime do Apartheid. Mandela, até 2008, permanecia na lista de terroristas da CIA (ver aqui)

A glória de uma vida dedicada aos outros faz de Mandela um mito e mitos não morrem. Esse, com certeza, o maior motivo de tantos líderes reunidos na sua despedida. Que a festa que o povo rende a Mandela possa incentivá-los, daqui para frente, a agir pensando mais no bem da humanidade do que na defesa dos podres poderes que os sustentam e que lhes determina uma forma de ação. É  pouco provável, mas não custa nada torcer!!!

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