O Leviatã Neoliberal, o Imposto de Renda PF e a Derrama dos dias atuais

O Liberalismo nasceu negando o Leviatã Absolutista, mas, em tempos de neoliberalismo, se transformou num tipo de Leviatã ainda mais opressivo que seu antecessor

Por Fernando Lobato_Históriador

A Constituição Federal, no inciso IV do Art. 150, diz que tributo não deve ter finalidade  de confisco, mas é essa a nossa sensação num cenário de carga tributária crescente conjugada com a também crescente entrega de serviços públicos em mãos privadas ávidas por lucratividade segura e sem riscos. No momento em que o governo anuncia o fim da isenção de IPI para automóveis novos, anuncia também mais rodovias federais a serem invadidas por postos de pedágio em seus trechos mais movimentados. A mão que tira de um lado também permite que outras mãos tirem do outro lado.
E assim, vamos assistindo um fenômeno difícil de entender na lógica fria das Ciências Exatas. O estado brasileiro, ao mesmo tempo em que abocanha mais recursos da sociedade, vai também diminuindo o tamanho de sua responsabilidade com ela. A lei maior diz que tributo é algo que está vinculado a um ou mais tipos de contraprestação da qual o ente público não pode se desvincular e, na medida em que se desvincula dessa contraprestação e a transfere para o próprio contribuinte, está a praticar a mais abjeta e repulsiva prática de confisco, ou seja, rasgando a nossa lei maior.
O Imposto de Renda pessoa física é outro exemplo de confisco oficial que vai sendo mantido ao longo do tempo. O fato gerador do tributo é a renda, mas, como tal, se entende a renda líquida resultante de uma série de deduções, tais como número de dependentes, despesa previdenciária, etc. Todavia, na tributação mensal, abocanhamentos são praticados para serem compensados no momento do preenchimento da Declaração de Ajuste Anual. Na hora H, porém, regras impedem que o contribuinte lance tudo aquilo que limitou sua renda ao longo do ano.
É ou não é confisco não considerar despesa de aluguel como valor dedutível do IRFP? É ou não é confisco não reajustar os rendimentos isentos de acordo com a inflação anual? É ou não é confisco deixar de fora dos valores dedutíveis gastos com óculos, livro didático, curso pré-vestibular e outros? A renda está diretamente relacionada com  o padrão de vida da população e, a julgar pelo crescente comprometimento desta com o pagamento de tributos, não apenas está cada vez menor em valores líquidos como está cada vez mais pressionada a arcar com custos que, deveriam ser arcados pelo ente público.

      A ameaça da Derrama pelo governo colonial português motivou os Inconfidentes Mineiros a fazer uma insurreição e, nos dias atuais, temos outros tipos de derramas sendo aplicadas no Brasil de norte a sul. O povo precisa se conscientizar da natureza confiscatória do atual regime tributário e exigir mudanças imediatas. Não falo aqui dos R$ 0,20 que motivaram as mobilizações de junho, falo de cifras incalculáveis que saem dos nossos bolsos todos os anos e que somem na vala comum da CORRUPÇÃO ENDÊMICA, bem como no pagamento de uma DÍVIDA PÚBLICA IMPAGÁVEL!!! 

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