O Natal, o Papai Noel e o caráter anticristão do consumismo capitalista




Por Fernando Lobato_Historiador

O lucro excessivo e a usura (cobrança de juros abusivos) sempre foram condenados pela Igreja Católica como prática pecaminosa. Alguns reformistas protestantes, porém, com a honrosa exceção de Martinho Lutero, deram pouca ou nenhuma atenção à questão e, não por acaso, o protestantismo foi amplamente abraçado e apoiado pela burguesia em ascensão numa Europa em transição do Feudalismo para o Capitalismo. Essa relação do processo de consolidação do capitalismo com a moral protestante foi, inclusive, analisada sociologicamente por Max Weber no livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Obviamente, Weber não diz que o protestantismo gerou o capitalismo, mas sim que este último ganhou impulso com a difusão de uma conduta religiosa que vinculava produtividade ou desenvolvimento econômico com elevação moral ou espiritual.
Com o advento da Revolução Industrial e o avanço de uma Ciência que tendia para o ateísmo, o Capitalismo foi se globalizando e dominando o mundo e, ao mesmo tempo, se libertando das amarras cristãs de fachada que ainda mantinha. A lenda do Papai Noel, por exemplo, foi intencionalmente marketizada e difundida com o fim de impulsionar as atividades industriais e comerciais. Não por acaso, é no período natalino que as sociedades ocidentais atingem os seus melhores índices de crescimento do PIB. Não fosse o marketing e a propaganda para a observância do “mandamento” capitalista de comprar e presentear alguém, esse fenômeno não ocorreria. O certo é que as sociedades ocidentais tornaram‐se reféns da lenda de Papai Noel de tal modo que a celebração do nascimento de Jesus, tradição criada pela Igreja Católica, é cada vez mais posta em segundo plano.
Papai Noel, em função da lógica capitalista dominante, vai, cada vez mais, sobrepondo‐se à figura de Jesus e a razão é bem simples: o nascimento de Jesus prioriza e evoca a celebração de valores espirituais que, em vários aspectos, negam ou afastam a necessidade da farra, da gastança e do consumismo desenfreado e sem sentido. Difundir a celebração de Jesus significaria brecar o movimento da roda que garante a sobrevivência do capitalismo. E essa roda, quanto mais gira, mais suga e traga o meio ambiente e a energia das sociedades que a fazem girar. Tempo é dinheiro, diz outro mandamento capitalista, e, portanto, não pode ser perdido e, na época natalina, existe para ser gasto fazendo compras. O 13º ou Adicional Natalino, muito provavelmente, não foi criado em função do trabalhador, mas como facilitador do giro da roda.
E assim, coagidas pela tradição anticristã instituída, a maioria corre pra lá e pra cá atrás da melhor oferta ou negócio. De tanto correr, acabam exaustas ou, pior que isso, endividadas até o pescoço.  Não é meu objetivo, todavia, fazer propaganda contra o Natal, até porque, apesar do materialismo crescente, é nessa época que o coração duro de muitos se amolece e muitos buscam fazer o bem ao próximo. Mas devo alertar, porém, que isso ainda ocorre em face da herança cristã que resiste. Ela ativa a consciência da importância da solidariedade, da bondade e do valor da família e dos amigos. A herança cristã ainda presente no espírito natalino deve ser celebrada e preservada, pois é benigna.
UM FELIZ NATAL A TODOS! QUE O ESPÍRITO E O AMOR DE JESUS NOS ILUMINE!

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