A ignorância, a arrogância e a Raquel Sherazade

Cometer erros, equívocos ou excessos é próprio da natureza humana, mas insistir neles é sinal de arrogância. Liberdade de imprensa não é sinônimo de liberdade para afrontar o estado democrático de direito.

Por Fernando Lobato_Historiador

Toda palavra carrega em si um sentido que não pode ser separado da mesma. Quando dizemos que alguém é ignorante, não estamos sendo duros ou grosseiros com essa pessoa, ainda que assim possa parecer à primeira vista. Ignorante é tão somente aquele(a)  que ignora os fatos concretos ou tem pouco ou nenhum conhecimento sobre determinado assunto. Eu, por exemplo, apesar de pós-graduado em História, sou enormemente ignorante quando o assunto é informática. Twetter, por exemplo, é algo que ainda ignoro por pura falta de conhecimento e paciência para lidar com as novas tecnologias da comunicação. Eis porque peço a todos os que admiram ou se identificam com a Raquel Sherazade, âncora do Jornal do SBT, que não me atirem pedras ou impropérios quando afirmo que a moça é vítima da ignorância quando tece determinadas opiniões no exercício do seu ofício.
É fato que errar ou cometer equívocos é típico de nossa natureza humana falha ou imperfeita. Todavia, um dos aspectos que também caracteriza um ser humano educado é a sua propensão ou consciência para reavaliar ações ou atitudes e, após madura reflexão, chegar à conclusão que errou. Pedir desculpas quando se tem a consciência do erro não diminui ou enfraquece o caráter ou a imagem de ninguém, mas, muito pelo contrário, é indicativo do grau de maturidade alcançada por quem assim procede. Perdoar, quando as desculpas são sinceras, é também outro indicador de maturidade. Todavia, quando alguém insiste no erro, não apenas reforça a percepção de sua ignorância como também se coloca numa situação bem pior: a da arrogância, ou seja, da ausência de senso crítico de si mesmo.
Pelas declarações que deu em entrevista depois da polêmica gerada em função de seu comentário infeliz sobre a ação de “justiceiros” (ver aqui), é inevitável a constatação de que Raquel é vitima tanto da ignorância quanto da arrogância. Quando falou da representação movida contra ela pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), bem como sobre a crítica do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, disse que lamenta o manifesto do sindicato contra ela e que o PSOL é um partido insignificante tentando ocupar as manchetes pensando nas Eleições 2014. Diz ainda que não promoveu nenhuma incitação à violência e que aqueles que a criticam são inimigos da liberdade de expressão. Como se vê, além de ignorante e arrogante, a moça também demonstra desinformação, visto que o PSOL é ainda pequeno no número parlamentares eleitos, mas não insignificante, tendo em vista a sua constante presença positiva na mídia, sempre em defesa da moralidade na ação do estado e em defesa da classe trabalhadora. Em 2013, alguém precisa informar a Raquel, o PSOL teve todos os seus parlamentares premiados, incluindo o melhor senador do país (RANDOLFE RODRIGUES) e o melhor deputado federal (Chico Alencar). Pequeno sim, insignificante não.
Raquel ignora que os  DIREITOS HUMANOS não existem meramente para proporcionar direitos a bandidos, pois neles também estão inseridos o direito à segurança pública, de ir e vir livremente, de se reunir pacificamente para protestar contra o que quer que seja, inclusive atos do governo, à saúde e educação gratuita, à moradia, a emprego e renda, aos direitos trabalhistas, à previdência, à proteção do consumidor, do idoso, da criança e do adolescente, do torcedor, etc. Os Direitos Humanos são amplos e são classificados como indivisíveis, ou seja, quando se ataca um único deles, está se atacando todos eles. Direitos que foram conquistados pela humanidade com a luta e o sacrifício de inúmeras gerações de ativistas e militantes sociais. Ativistas do quilate de MARTIN LUTHER KING, MAHTAMA GANDHI, NELSON MANDELA, ALBERT EINSTEIN, apenas para citar alguns nomes do Século XX.
A Direita tradicional brasileira e mundial gosta de usar o argumento utilizado por Raquel tentando menosprezar a importância dos Direitos Humanos. Com isso, ela busca construir justificativas políticas para atacá-los num momento em que se sente acuada pelo avanço da consciência e organização popular. O caos de violência em que se encontra o Brasil foi constituído pela sucessão de inúmeros governos de direita que negligenciaram ações de redução da pobreza, de melhorias no sistema educacional, etc. É a direita brasileira a grande responsável pela violência crescente no Brasil e Raquel, ao fazer apologia da violência, está querendo  combater o fogo jogando gasolina nele. Seu comentário, ao contrário do que diz, não é LIBERDADE DE IMPRENSA OU OPINIÃO, mas sim IRRESPONSABILIDADE PROFISSIONAL.

           Um médico, quando comete um erro primário, está sujeito à prisão e perda do CRM. Um engenheiro, quando o prédio cai, da mesma forma, de modo que nenhum jornalista, sob o disfarce da LIBERDADE DE IMPRENSA, tem o direito de afrontar e desrespeitar o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Liberdade de imprensa não inclui o direito de falsear os fatos, mentir, fazer sensacionalismo barato com a vida alheia, difamar, caluniar, etc. Antidemocrático não é aquele que defende uma regulação tanto da imprensa quanto da profissão jornalística, mas sim aqueles que desejam uma mídia acima das leis e dos poderes constituídos. Raquel, talvez em face da beleza, dos paparicos e da popularidade alcançada com seus comentários, demonstra ter inflado demais o próprio ego. Cadê a turma do Pânico para oferecer-lhe as SANDÁLIAS DA HUMILDADE? ELA TÁ PRECISANDO!

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