AL CAPONE, ADAIL E O QUARTO PODER

Capa da Revista TIME  destacando a escolha de AL CAPONE como um dos homens mais influentes do mundo no ano de 1929. Nesse ano, ele dividiu o prêmio com ninguém menos que ALBERT EINSTEIN, o gênio da Física, e MAHATMA GANDHI, o líder eterno dos indianos. 

Por Fernando Lobato_Historiador



Al Capone, a História nos conta, foi um dos mafiosos mais poderosos do mundo. Sua fortuna e poder foi erguida, principalmente, com o contrabando e a venda ilegal de bebidas na vigência da Lei Seca nos EUA, ou seja, de uma lei que criminalizava a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. Lei que, à semelhança das leis antidrogas da atualidade, fazia a fortuna e estimulava a ação dos infratores. Capone, diz o Wikipédia, chegou a faturar mais de 100 milhões de dólares por ano.  Com essa dinheirama toda na mão, era um homem acima da lei. Policiais, juízes e até a imprensa da época foram “vítimas” de seu “charme irresistível”. Em 1929, por exemplo, a Revista Time, tida como das mais conceituadas, estampava Capone como um dos homens mais influentes da humanidade. Isso mesmo, junto com Albert Einstein – o grande gênio da Física – e Mahatma Gandhi – o líder eterno dos indianos – dividia o título de HOMEM DO ANO.
No mesmo ano em que a TIME estampava Capone, Herbert Hoover chegava à Presidência dos EUA disposto a combater o crime organizado. Um ano depois, Capone trocava as colunas sociais pelas páginas policiais e, no final de 1931, era trancafiado na cadeia. Foi preso não como chefe mafioso, mas tão somente como mal pagador de impostos. Foi pego por uma Justiça Federal desejosa de fazer Justiça apesar da inércia e falta de cooperação da Justiça de Chicago, a sede do império de Capone. Foi pego pela vida extravagante e luxuosa que levava apesar de não ter nenhuma renda oficial. Não fosse essa tendência exibicionista, é bem possível que Capone jamais tivesse ido pra cadeia. Seu desejo compulsivo por holofotes, porém, não lhe permitiu uma vida nas sombras, ou seja, compatível com as atividades que chefiava.
Adail Pinheiro, Prefeito de Coari-AM, não é AL CAPONE, mas, tal como o célebre mafioso, manteve-se inalcançável pela lei. Seu “charme irresistível” nada tem haver com contrabando ou venda ilegal de bebida, mas tem haver com o fato de estar sentado na segunda cadeira mais rica do Amazonas. De 2005 a dezembro de 2011, diz o Estadão (ver aqui), Coari abocanhou mais de R$ 318 milhões somente com royalties da exploração de gás e petróleo feita pela PETROBRÁS. Coari, do ponto de vista da receita municipal, está com todo gás e Adail, mais uma vez na chefia do Executivo, parecia se sentir como um príncipe saudita amazonês. Assim como Capone, possui também um desejo compulsivo. No seu caso, não foram os holofotes que lhe colocaram na vitrine da opinião pública, mas sim, conforme matéria divulgada no Fantástico, DENTES DE LEITE FEMININOS.
O calcanhar de Aquiles de Adail, assim como Capone, nada tem haver com a sua atividade principal, ou seja, com as enormes evidências de má gestão e desvio do erário público praticado em Coari, mas sim com o seu desejo incontido por DENTES DE LEITE. A casa de Adail caiu em sua cabeça não em face da mobilização de uma população indignada contra sua atuação como prefeito. Um prefeito que nada em dinheiro enquanto seu povo permanece nadando na lama, visto que os royalties da PETROBRÁS não se convertem em escola, saúde, cultura, lazer, etc. A casa de Adail caiu não porque o Ministério Público do Amazonas ou o Federal foram eficientes e rápidos em investigações que comprovaram as suas improbidades como gestor público. Não caiu também porque a Justiça do Amazonas foi célere e imparcial aplicando a lei sem ver a quem. A casa de Adail caiu em face da ação do QUARTO PODER, ou seja, do poder midiático.

   O QUARTO PODER não é um poder constituído oficialmente como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, mas, quando quer, o exerce de forma visível e inquestionável.  Não sei se me alegro ao ver a Justiça do Amazonas se esforçando para dar satisfações à sociedade ou choro diante da constatação de que foi a REDE GLOBO quem acelerou todos os processos contra o ADAIL. 

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