Por Fernando Lobato_Historiador
Parasita, na
biologia, é um ser que sobrevive sugando as energias de outro que, por conta disso, é seriamente prejudicado na sua existência. Na Economia Política, parasita é aquele que não produz ou trabalha e
sobrevive sugando o erário público, ou seja, que vive e se deleita na seiva
extraída daqueles que labutam e produzem de verdade. Eis porque, desde que foi
inventado há 6.000 anos atrás, o ESTADO OU GOVERNO tem sido comumente percebido
como um grande ser parasitário, ou seja, um ser que suga as energias do povo. Eis
porque anarquistas, liberais e comunistas, apesar da inimizade no
campo da teoria política, possuem um ponto comum: A NEGAÇÃO DO
ESTADO.
O liberal
teoriza a necessidade de limitação do parasita para que as forças produtivas
possam se desenvolver com mais liberdade e assim gerar uma melhor satisfação das necessidades de todos
através do DEUS MERCADO. O anarquista, por sua vez, não concebe
outra solução que não a destruição total desse parasita. Enquanto ele existir,
acreditam eles, é impossível existir felicidade plena. Um
mundo feliz, apostam, deve ser gerido diretamente pelo povo através de
cooperativas e associações, ou seja, incorporando todas as funções que hoje são do estado. Eis porque, sempre que me indagam a
respeito, aponto que há mais semelhanças entre anarquistas e liberais do que
entre anarquistas e comunistas.
O comunista,
por sua vez, assim como o anarquista, também entende que, enquanto esse
parasita existir, nunca haverá felicidade plena. Todavia, o povo, há tanto
tempo vivendo na companhia desse parasita, não saberia, de imediato, viver sem
ele. É imperativo, portanto, um tempo de transição ou adaptação do povo antes do seu
aniquilamento total. O marxismo tradicional chama esse tempo de DITADURA DO
PROLETARIADO, ou seja, um tempo em que a classe trabalhadora seria educada e
preparada por um parasita regenerado e benévolo que a conduzirá ao
paraíso, ou melhor, ao modo de produção comunista, um mundo sem classes e em
que todos trabalham de forma fraterna e feliz.
A História já
nos mostrou inúmeras e diversas experiências liberais e neoliberais e o que se
viu e vê é a quase completa apropriação do grande parasita por um tipo de parasita ainda mais voraz que o estado: O BURGUÊS SELVAGEM E SEM ESCRÚPULOS. Um ser tão terrível que é capaz de sugar
tanto o parasita estado quanto o povo que o nutre e sustenta. Se
olharmos o gráfico da dívida pública do Brasil, por exemplo, veremos que quase
50% de todas as receitas são abocanhadas pelo terrível parasita BURGUÊS
SELVAGEM E SEM ESCRÚPULOS. Se apurarmos ainda mais o olhar, veremos que
a classe trabalhadora também é sugada pelo parasita ESTADO em quase 50%, ou seja, o parasita estado nos suga sem dó e o terrível parasita
burguês suga o estado na mesma intensidade.
A História tem
muito pouco ou quase nada a dizer sobre
experiências anarquistas concretas, mas já tem alguma coisa acumulada
sobre experiências autointituladas comunistas, apesar de jamais terem atingindo
o finalmente da teoria, visto que, na fase de transição ou da DITADURA DO
PROLETARIADO, a coisa desandou ou foi pro beleléu. O grande problema é que a
tal vanguarda revolucionária, no momento em que assume a condição de
parasita, parece ser vítima de uma amnésia que a faz esquecer que sua missão é
negar o parasita em que se transformou para, num momento a posteriori, tal como um
terrorista suicida, se autodestruir. STALIN, MAO TSE TUNG e outros
sofreram desse tipo de amnésia na hora H. Não só não educaram o povo a viver
livre do parasita como o fizeram ainda mais refém deste. O Comunismo
inscrito na bandeira vermelha e no
pomposo nome de República dos Soviets ou República Democrática Popular foi esquecido e
ignorado ainda que, no discurso, tenha sido sempre reafirmado.
Vivemos um
tempo sombrio em que a crise do capitalismo se agudiza e nos coloca novamente
diante da questão do enfrentamento tanto do grande parasita ESTADO quanto do
terrível parasita BURGUÊS SELVAGEM E SEM ESCRÚPULOS. O anarquismo, talvez em
face de sua condição de experiência histórica ainda não testada, mostra a cara
com desenvoltura através da propaganda da ação direta ou sem intermediários
(partidos, sindicatos ou outras organizações formais). Os BLACK BLOCKS, tal
como o LUDISMO do século XIX inglês,
quebram caixas eletrônicas de grandes bancos e tudo o mais que simboliza o CAPITALISMO como se a
simples destruição destes totens significasse algum sério revés no terrível parasita
BURGUÊS SELVAGEM E SEM ESCRÚPULOS.
A História
está se fazendo sem que o novo tenha ainda se mostrado claramente no horizonte.
É URGENTE, todavia, que ele assuma uma forma ou programa atraente e convincente e que esteja ancorado em dois princípios que se abraçam e irmanam naturalmente, mas que, até o momento, foram muito falados e também muito pouco concretizados na dinâmica coletiva, ou seja, o SOCIALISMO e a DEMOCRACIA. O fantasma do FASCISMO, em tempos de crise aguda do capitalismo, costuma também se assanhar e, tal com a águia com seu
bote certeiro, espreita o seu momento de ação. TODO CUIDADO É POUCO COM O PIOR DOS
PARASITAS!
O Estado burguês é novo ídolo dos tempos modernos... homens e mulheres caem a seus pés acreditando que ele é a " salvação" da humanidade. ledo engano. da sua boca é que sai a maior mentira " Eu, Estado, sou o povo. (adaptado Nietzsche Assim Falava Zaratustra)
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