Gramsci é tremendamente atual em face da reflexão que fez em torno do papel da Sociedade Civil no processo de afirmação do Socialismo no Ocidente
Por Fernando Lobato_Historiador
O amor ao
dinheiro, diz o apóstolo Paulo em I Timóteo 6:10, é a raiz de todos os males.
Esse “amor” maléfico, é importante destacar, não surgiu com o advento do
capitalismo. O capitalismo, é bem verdade, acirrou esse “amor” e empurrou a
humanidade para níveis alarmantes de barbarismo e egoísmo. Muito antes disso,
porém, na Idade Antiga, o amor ao dinheiro e ao poder fizeram da guerra um
grande negócio de estado ao produzir a escravização de um sem número de nações.
O mundo “civilizado” gerado por esse “amor” produziu faraós e monarcas que se
autodeclararam encarnações dos deuses. “Deuses” impiedosos, vaidosos e ávidos
por demonstrar a “grandeza” de seu poder diante de mortais doutrinados para
louvá-los e aclamá-los como seus legítimos senhores. Essa, portanto, foi a prática
que determinou a tal “POLÍTICA DE ESTADO”.
Mesmo aqueles
que se proclamaram fundadores de uma nova era, ou seja, da era da plena
democracia teorizada por Marx e outros socialistas, não resistiram à tentação
de seguir essa mesma tradição. STALIN, MAO, KIM MIL SUNG, CASTRO e outros apostaram
suas fichas no culto ao personalismo. Reféns da tradição, investiram no
endeusamento da própria imagem e no fortalecimento do organismo estatal em vez de
investirem naquilo que realmente faz sentido num projeto que se quer
democrático: a educação e preparação da sociedade civil para que esta assuma,
de forma eficiente e soberana, a condução do sistema político e do sistemas
econômico, social e cultural. Uma verdadeira democracia não se afirma com personalismos e os gregos antigos já sabiam
disso. Na Atenas Antiga, quem muito era exaltado, era logo OSTRACIZADO, ou
seja, exilado por 10 anos para ser esquecido.
Era fácil
proceder assim na Atenas da Antiguidade porque aquilo que entendiam como povo
era mais forte e vigoroso que o estado que o governava e este não existia
desconectado do mesmo, de modo que, na realidade concreta, o governo não tinha
instrumentos eficazes para submetê-lo a caprichos e vontades pessoais. O Capitalismo
triunfante, todavia, não apenas capturou como também passou a dirigir o sistema
político no sentido da submissão quase total da sociedade civil a seus ditames
e regras. Além disso, sempre que se vê ameaçado, produz tiranos em série quase
em regime fabril (Mussolini, Hitler, Franco, Salazar, Pinochet, Ditadura
Militar do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru, etc, etc).
A Islândia,
recentemente, e os países escandinavos de uma forma geral, todavia, graças ao
elevado nível de escolaridade e formação política da população, tem demonstrado
que a sociedade civil, quando tem o timão do poder, não permite que tiranos e
injustiças imorais se afirmem. Eis aí exemplos que precisamos estudar e
conhecer melhor.
|
Comentários
Postar um comentário