Olavo de Carvalho é o "filósofo" que propagandeia um combate ao idiotismo vigente na cultura brasileira. Sua visões e opiniões, todavia, parecem sugerir que esse mal deva ser combatido com mais idiotice ainda. Em um depoimento, declara que os membros da Opus Dei, uma das mais conservadoras da Igreja Católica, são boiolas ideologicamente (ver aqui) e, em outro, diz que Doroty Stang, a missionária morta por grileiros no Pará, tocava fogo numa picape quando foi morta (ver aqui). E pouca ou muita polêmica num homem só? |
Por Fernando Lobato_Historiador
Filosofia,
conforme diz a palavra, é muito mais amor à sabedoria do que pretensão de uma
verdade última e definitiva sobre qualquer coisa que seja. A Religião, de forma diferente,
tem essa pretensão porque parte da premissa do caráter divino ou iluminado de um
livro ou daquele que inspira seus princípios e doutrinas. Filósofos fazem
discípulos que, dependendo de seus esforços, podem e devem superar seus
mestres. Na Religião, discípulos, ainda que extremamente esforçados e
capacitados, não devem nutrir a pretensão de superar seus mestres, pois o voto
de obediência a seus ensinamentos pressupõe qualquer outro. Eis porque, quando
a devoção desvincula-se de qualquer base racional, surge o FANATISMO, ou seja,
um estado hipnótico onde toda e qualquer fantasia adquire uma lógica
perfeitamente aceitável para aquele que crê.
É possível,
então, que filosofia vire religião depois de afastado o seu núcleo racional e
isso, por sinal, pode ocorrer onde menos se espera. Karl Marx, por exemplo, que
nunca afirmou ser filósofo, além de um Partido Internacionalista com pretensão
mundial, inspirou, contra seu desejo, um sem número de seitas em que discípulos, consultando seus livros “sagrados”, conseguiam visualizar a forma e
o momento certo de construir o Paraíso dos Trabalhadores na Terra. Essa postura
beata e dogmática produziu muitas insanidades e decepções em nome de um suposto
socialismo real ou científico, mas ainda continua a reproduzir "fiéis" em todo
mundo, felizmente, numa escala bem mais reduzida que antes. Se assim se deu no
campo de uma Esquerda que se dizia cientificista, imaginem o potencial desse
fenômeno no seio de uma DIREITA REACIONÁRIA DE MATRIZ JUDAICO-CRISTÃ?
Adolf Hitler,
líder supremo da Alemanha nazista, é o principal expoente desse fenômeno no campo
da DIREITA RADICAL, mas não o único, pois o NAZI-FASCISMO se difundiu
amplamente e se tornou uma crença de inúmeros “sacerdotes”. Uma crença que também
continua reproduzindo discípulos, principalmente quando o capitalismo entra em
crise. O próprio capitalismo, por sinal, está pautado por cânones mitológicos
no campo da economia e, por isso mesmo, não deixa também de ser uma crença.
Uma crença que tem um DEUS sui generis: o DEUS MERCADO, ou seja, um ser
incorpóreo que, segundo quem crê, comanda tudo através de mãos invisíveis. Voltando a Hitler, é importante
destacar que ele nunca apresentou-se como filósofo, pois era apenas um homem
afligido por duas grandes decepções: de não ter podido seguir a carreira
artística e de ter vivenciado, como soldado, a derrota alemã na 1ª Guerra
Mundial.
Católico
reacionário, Hitler envolveu-se diretamente na luta contra aquele que
considerava o maior dos demônios: o COMUNISMO ATEU. Preso por sua atuação no
movimento fascista alemão, escreveu “Minha Luta” e logo virou celebridade por
suas opiniões polêmicas e pouco convencionais. Para os que o avaliavam de forma
racional, tratava-se de um louco varrido, mas para os que o enxergavam sob uma
lupa de cunho messiânica: ERA O REDENTOR HÁ MUITO ESPERADO. As grandes somas
injetadas em seu partido e em sua conta pessoal, a crise econômica extremamente
aguda, o sentimento de revanche numa nova guerra, o ódio pelos judeus ricos e prósperos e a
crescente difusão do comunismo inflacionaram sua imagem messiânica e ele acabou
virando chefe do estado alemão.
Hitler,
todavia, era um messias às avessas, em vez de amor, pregava o ódio e a
vingança. Em vez da paz, propunha a guerra como solução final, ou seja, se via como o grande general de Deus na
BATALHA APOCALÍPTICA DO ARMAGEDON. Nela, acreditava ser capaz de vencer os que considerava cristãos frouxos e covardes (os democratas liberais) quanto o próprio “satã”:
O EXÉRCITO VERMELHO de STÁLIN. Esse messias às avessas ou anticristo não logrou
êxito na grande batalha que promoveu e travou, mas deixou seguidores desejosos
de retomá-la. No Brasil, Olavo de Carvalho é um dos propagandeiam a parte 2 da “BATALHA DO ARMAGEDON”. Para promovê-la e recrutar seguidores reciclou os principais
cânones da crença e tascou nela o rótulo de FILOSOFIA. Uma “filosofia” que nega
e rejeita toda e qualquer contribuição que não esteja de acordo com a mesma: a
única considerada válida e realmente útil para o mundo atual. Como se
vê, nosso “filósofo” não tem a humildade como virtude.
Quando faz
suas pregações pela INTERNET, faz pausas para tragar e expelir a fumaça do
cigarro que quase sempre é seu acompanhante. Ele nega ser um pregador
nazifascista e rejeita a figura de Hitler. Distorcendo os livros de História,
coisa, por sinal, muito comum em suas pregações, afirma que HITLER foi mais um dos
produtos pérfidos do ideário comunista. Ele nega, mas é notória sua veia
nazifascista. O inimigo maior continua o mesmo: O COMUNISMO INTERNACIONAL. Os
comunistas, segundo propagandeia, estão prestes a tomar e controlar o mundo. Segundo
Olavo, todas as grandes corporações mundiais (ONU por exemplo) seguem uma
orientação de esquerda, ou seja, ele vê o “demônio” controlando os postos chaves do
poder mundial.
Neste enredo
apocalíptico, quem poderá salvar o mundo?
Para Olavo, não há dúvida de que essa missão compete aos DIREITISTAS PUROS OU
IMACULADOS, um novo tipo de raça ariana. Ele ensina, inclusive, como devem se
manter puros ou intocados por toda e qualquer pregação “satânica” da esquerda.
Gramsci é tido como mais perigoso que o próprio Marx e, por isso, deve ser
combatido de todas as formas possíveis. O pensador italiano, diz ele, já seduziu
as universidades do mundo e a própria universidade, em sua pregação, é um tipo
de instituição falida. Com isso, evidencia seu saudosismo do tempo em que as
universidades estavam quase todas sobre o controle da Igreja Católica, ou seja,
com conteúdos estritamente de acordo com os cânones eclesiásticos.
Olavo,
portanto, defende um cavalo de pau no carro que transporta a humanidade em direção ao futuro, não para
implantar um modelo civilizatório de base socialista, pois é o crescimento e aceitação crescente dessa proposta que o faz propor o próprio cavalo de pau. Ele deseja um cavalo de pau que a faça
retornar a uma espécie de nova Idade Média, quando vigorava o Geocentrismo e
ninguém tinha a mínima idéia da relatividade do tempo e do espaço. Ele quer, portanto, um tempo e
um espaço absolutos e imutáveis. Nessa nova Idade Média, os cânones
da economia clássica, porém, seriam mantidos intactos. Está claro, portanto, que o "CÉU" DE OLAVO funcionará dentro das regras neoliberais já dominantes e, por
consequência, nele haverá uma corte formada por grandes proprietários rurais,
banqueiros, industriais, etc, ou seja, toda a casta dominante do mundo capitalista.
Pelo que se
percebe, no "CÉU" do Olavo não haverá espaço para o conceito de igualdade, pois também é uma sociedade dividida em classes. Os
não admitidos nesse "céu", muito provavelmente, serão lançados nas chamas do fogo
eterno, principalmente se forem gays e lésbicas – os judeus do fascismo Olaviano -. Rezemos e oremos para que a humanidade não tenha que viver no "CEÚ" do Olavo, pois ele será muito pior do que o mundo problemático e insano
em que hoje vivemos. Em nosso mundo, pelo menos, a esperança ainda não foi
completamente surrupiada. Rezemos!
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