Plínio se foi e nos fará muita falta com sua forma clara e direta de tratar as questões |
Por Fernando Lobato_Historiador
Há homens que envelhecem ainda jovens quando
abrem mão de seus sonhos e convicções e há homens que atingem a idade avançada permanecendo
jovens de alma e fiéis aos sonhos e convicções da juventude. O segundo tipo é
bem raro e Plínio de Arruda Sampaio, que partiu para o andar de cima no dia de
ontem, 08 de julho, foi um deles. Bertold Brecht nos diz que “há homens que
lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que
lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são
imprescindíveis. Plínio foi um desses homens imprescindíveis.
Socialista
convicto desde a juventude, trabalhou incansavelmente para viabilizar a
construção de um partido de massas que fosse dirigido pela base e não pela
cúpula partidária. No final dos anos 70, já prevendo o fim do bipartidarismo, junto
com Fernando Henrique Cardoso, tentou viabilizar o Partido Socialista Democrático
Popular (PSDP). Rompeu com FHC quando percebeu o pragmatismo daquele que viria a ser o
príncipe do tucanato e foi contribuir na construção do PT, onde foi
o autor do estatuto do partido e um dos principais defensores dos núcleos de
base. Quando o PT estava no auge do poder e guinou para a direita, Plínio pulou
do barco para ajudar na construção do PSOL.
Em 2010, com quase 80 anos, disputou a Presidência
da República pelo PSOL e, de longe, foi o mais jovial e lúcido candidato em
todos os debates realizados. Lembro-me de uma frase que utilizou que
exemplificava muito bem o seu espírito. Quando questionado porque, sendo um dos
expoentes do partido, saiu do PT, respondeu: NÃO FUI EU QUE SAÍ DO PT, FOI O PT
QUE SAIU DE MIM. Plínio era assim: um homem fiel as suas convicções. Não
aceitava o mais ou menos ou a covardia do politicamente correto. Sua ética,
coerência e clareza de raciocínio vão fazer muita falta no cenário político
brasileiro.
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