Bonner, Patrícia e as entrevistas com os presidenciáveis: DILMA ROUSSEF

A montagem acima pode até ser exagerada, mas ela dá conta da sensação que tive ao assistir a entrevista com a presidenta (rever no You Tube)

Fernando Lobato_Historiador

Auto-engano ou crença nas mentiras que alguém contra para si mesmo é a palavra síntese para definir a entrevista de Dilma Roussef ao Jornal Nacional. É a palavra síntese também para definir seu governo e o próprio PT. Nas considerações finais, disse que seu governo elegeu como centro a educação e que seu segundo mandato servirá para fazer avançar, ainda mais, o país de classe média que Lula teria construído nos seus oito anos na Presidência.  É ou não puro auto-engano? E você, que me lê neste momento e duvida de tal afirmação, reveja a entrevista e constate você mesmo.
Dilma, em vários momentos, apelou para o que chamamos de “EMBROMASHION”, ou seja, a tática de dar a impressão, para os leigos é claro, de estar falando uma língua estrangeira mesmo sem ter a menor noção do que está sendo dito. Quando confrontada com os inúmeros casos de corrupção de seu governo, desviou o foco para o aparelhamento que ela e Lula teriam dado à PF e ao Ministério Público para combater a corrupção, omitindo a tentativa de aprovação da PEC 37, ou seja, que visava limitar o poder investigatório do MP. A PEC 37, é bom relembrar, foi derrubada não pelo do governo, mas pelas mega-manifestações de JUNHO de 2013.
Fugiu, como o diabo foge da cruz, de uma crítica ao PT pela exaltação dos mensaleiros como heróis (Dirceu, Delúbio e Genoíno), repetindo, o tempo todo, que, como presidenta, não podia fazer juízo de valor de decisões do STF. Pela repetição contínua, passou a impressão de não passar de uma prisioneira do partido ou, caso não seja isso, de estar convencida de uma suposta vilanice de Joaquim Barbosa. Se assim for, seria mais um caso de auto-engano explícito.
Por insistência de Patrícia Poeta, consentiu admitir que o PT, apesar de 12 anos contínuos no poder, ainda não tornou a saúde pública minimante decente para os brasileiros que dela precisam. Tentou minimizar o fato jogando confete no Programa Mais Médicos afirmando que o centro do problema já estaria sendo atacado. Se a medida era estratégica e necessária, faltou explicar porque o PT demorou tanto para tomar essa iniciativa, visto que Hugo Chavez, na Venezuela, fez isso logo no início do seu governo e alcançou grande popularidade por conta disso.

Fecho essa análise lembrando que o auto-engano costuma ser um mal com forte tendência para se tornar coletivo em larga escala, sobretudo num mundo em que a mídia de grande massa encontra-se controlada por uma elite acostumada a criar e a promover auto-enganos de acordo com seus interesses de momento. Lula, Dilma e o PT, portanto, tendem a permanecer no poder para continuar cumprindo esse papel. O grande problema disso é que o povão, pelo menos por enquanto, não dá mostras de querer se libertar desse mal para permitir um avanço real e concreto.

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