Quatro palavras sintetizam minha percepção sobre a entrevista do Pastor Everaldo ao JN: contradição, oportunismo, pragmatismo e artificialidade (rever no YOU TUBE) Por Fernando Lobato_Historiador
Uma única
palavra não é suficiente para sintetizar minha avaliação da entrevista do Pastor
Everaldo (PSC) ao JN, pois sinto-me obrigado a utilizar pelo menos quatro:
contradição, oportunismo, pragmatismo e artificialidade. Foi contraditório ao afirmar
que venceu na vida sem nunca ter precisado do estado depois de dizer que estudou
em escola pública de boa qualidade.
Evidencia
oportunismo ao adotar um discurso neoliberal clássico com o fim de agradar e
atrair os setores mais conservadores e reacionários do país, ou seja, os mais
ricos e mais interessados em manter privilégios. Bonner destacou que Everaldo sempre
foi aliado de políticos tidos como de esquerda e somente muito recentemente
começou uma pregação neoliberal hard, ou seja, trocou o socialismo cristão pelo
neoliberalismo pentecostal com fim claramente eleitoreiro.
Acossado por
Patrícia Poeta sobre as práticas de toma lá dá cá do PSC, negou ser pragmático,
mas os fatos revelam o pragmatismo de seu partido ao abandonar, em 2010, a
candidatura de Serra para apoiar Dilma em troca de generosas doações de
campanha do PT. Questionado se a falta de maior poder dentro do governo Dilma
foi o motivo do lançamento de sua candidatura, negou dizendo que o rompimento se
deu por questões de princípio e que seu partido defende a vida e a família
conforme reza a Constituição.
A ênfase na
defesa da vida e da família como reação fora de contexto revelou, por fim, a
artificialidade ou falta de sinceridade na pregação que é um dos motes da
campanha de Everaldo. Ficou evidente que a tal “defesa da vida e da família”
não passa de um chavão ou mecanismo a ser acionado para lembrar que EVERALDO É
DO BEM e seus adversários são do MAL, ou seja, quando não for possível ganhar
no debate racional, não haverá escrúpulos ou parcimônia para invocar o
passional em seu favor.
Essa mistura
de apelo político com ênfase pseudo-religiosa é o que mais me assusta no pentencostalismo
eleitoral. Ele é aliado de um discurso reacionário que diz que o PT quer
implantar uma ditadura satânica no país, mas, há bem pouco tempo atrás, estavam
juntinhos com Lula e Dilma. Foi satanás que se revelou de forma clara ou há
muita chantagem e muita ambição de poder por detrás de tudo isso? Nunca me canso de repetir que o fascismo se
desenvolveu fazendo uso de um discurso muito parecido. Todo cuidado é pouco!
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