A questão ucraniana é grave e muito perigosa, pois pode comprometer o avanço de um mundo que desejamos multipolar, ou seja, não dividido forçosamente em duas zonas de influência política e econômica. |
Por Fernando Lobato_Historiador
A vida na
selva é regulada por uma única lei: a da sobrevivência. Nela, os predadores mais
eficientes exercem a supremacia e reza a lenda que o leão é o rei. A vida e a
relação dos estados (geopolítica), apesar da tese que diz que nosso mundo é civilizado, segue a lei vigente nas selvas, ou seja, nos 6.000 anos da tal civilização, continua
imperando a lei do mais forte.
A águia de
cabeça branca (EUA), na selva da Geopolítica, desde 2003, quando invadiu o
Iraque sem o aval da ONU, tenta impor seu poder por toda parte. É interessante
observar que essa águia justifica seu assanhamento em face da necessidade de um
combate aos terroristas do mundo e isso alimenta as suspeitas em torno da real capacidade
de BIN LADEN para atacar e derrubar as torres gêmeas de Nova York em 2001.
O
assanhamento da águia de cabeça branca, falando geopoliticamente, se
justificava em face de um cenário altamente favorável em face do grande urso (a
Rússia de Boris Yeltsin) encontrar-se gravemente enfermo e combalido – quase a
beira da morte nas mãos de meia dúzia de megaespeculadores privados que se
apropriaram de grande parte da riqueza nacional e passaram a mandar e desmandar
no governo.
A águia de
cabeça branca assanhou-se também porque o outro urso -o panda- (China), passou a ser, desde 1976 com a morte
de Mao Tse Tung, um aliado no campo comercial, de modo que a vida do panda
passou a depender grandemente do capital privado norte-americano. A águia de
cabeça branca, portanto, tinha tudo para pensar assim: "que leão que nada,
quem manda na "selva" sou eu, pois tenho asas muito poderosas e posso
me impor por toda parte".
Uma
outra águia, a de cabeça preta (Alemanha), aliou-se ao sapo (França) e a outros animais de pequeno porte temendo o
crescente assanhamento da águia de cabeça branca, zelando e esmerando-se na ampliação e fortalecimento da Zona Euro. Pensaram o
seguinte: o assanhamento da água de cabeça branca tem muito haver com o fato do dólar ser a moeda mundial, criemos então uma nova moeda, forte o suficiente
para cortar parte de suas asas.
Nesse
meio tempo, poucos se aperceberam que o grande urso (Rússia), agora sob o
comando de um ex-chefe da KGB, havia não apenas sobrevivido como gozava de saúde e grande disposição. Em
2007, num discurso em Munique, PUTIN disse que considerava o assanhamento da
águia de cabeça branca excessivo e que não toleraria a presença do bicho perto
de suas fronteiras. Estava declarada, naquele momento, a NOVA GUERRA FRIA.
De
lá pra cá, PUTIN não titubeou em apoiar fortemente o Irã e a Síria contra as investidas do ocidente e, tão logo
confirmou-se a adesão da Ucrânia à OTAN (aliança militar comandada pelos EUA) anexou a Criméia (posição militar de grande
importância estratégica) e passou a estimular e defender a separação da parte leste
do país. O esperneio dos EUA e da Europa faz parte do jogo e do choro de quem não esperava ver o grande urso em boa forma, mas PUTIN apenas cumpre o que já havia anunciado desde 2007.
O
corre-corre de Angela Merkel (Alemanha) e François Holande (França) para
reduzir a temperatura na Ucrânia é a comprovação de que a NOVA GUERRA FRIA
corre o risco de se tornar quente (enfrentamento direto de tropas da OTAN e da
Rússia). Se isso vier a ocorrer, quem perde muito é a Zona Euro, já pressionada
pela vitória da esquerda na Grécia e pela tendência de crescimento desta na
Espanha, Portugal, Irlanda e outros.
Uma radicalização na Ucrânia, no meu entender, prejudicaria muito a América Latina, pois pressionaria o mundo novamente para uma configuração bipolar, o que seria péssimo em face do aumento da pressão e ingerência dos EUA na região, hoje muito próxima e
simpática a PUTIN (Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador e outros).
Melhor para nós que a chapa por lá esfrie, pois um cenário muito propício para o fortalecimento da propaganda golpista seria criado e, por sinal, já cresce a força dessa cantilena não apenas no Brasil, mas também na Argentina.
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