Por Fernando Lobato_Historiador
Jango, no dia
13 de março de 1964, discursava à nação buscando mobilizá-la contra
um Congresso Nacional conservador que brecava suas Reformas de Base. Na ocasião,
assinou dois decretos dando início as suas reformas a partir das prerrogativas
de um presidente que, depois do Plebiscito de 1963, governava nos marcos do
presidencialismo: a desapropriação de
terras às margens das rodovias e
ferrovias federais e a nacionalização das refinarias de petróleo estrangeiras
que atuavam no país (ver matéria).
Os decretos de
um presidente tido como comunista desde 1954 por ter proposto o aumento de 100%
do salário mínimo, acrescido da tentativa de mobilização contra aquele que
nossas leis definem como legítimo representante do povo – O Congresso Nacional – foi o estopim das mobilizações seguintes que
pediram o afastamento imediato de Jango pelas Forças Armadas em face de sua "intenção
de transformar o Brasil numa nova Cuba".
Era preciso,
diziam os manifestantes da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, deter o "facínora"
que intencionava implantar uma ditadura comunista no Brasil e, com isso, subverter
a ordem social vigente no país, ou seja, que pretendia mexer nos privilégios e
mordomias das classes mais ricas, visto que, entre seus objetivos estava também
a criação do Imposto Sobre Grandes Fortunas.
Curioso é
notar que em países tidos como neoliberais, o IGF já existe há algum tempo, mas
por aqui continua sendo visto como coisa de comunista. Mais recentemente, na
França de François Hollande, os deputados aprovaram uma incidência de 75% sobre
grandes fortunas e nem por isso os franceses, famosos por terem sido
protagonistas da mãe de todas as revoluções, saíram às ruas taxando Hollande de comunista
(ver matéria).
Querer mexer
no bolso dos ricos, por aqui, é coisa de comunista, mas nossos ricos adoram meter
a mão
no bolso dos pobres. Defendem o apoio do BNDES para seus empreendimentos mesmo
se declarando fervorosos defensores do NEOLIBERALISMO. Nossos parlamentares, a
maioria pertencente às classes ricas, não aceitam regulamentar o IGF porque consideram
o imposto extremamente injusto com os ricos, ou seja, com a maioria deles
mesmos.
Ontem,
todavia, tomei conhecimento de notícia dizendo que agora iremos também custear as
passagens dos cônjuges dos parlamentares nos seus deslocamentos à
Brasília, ou seja, eles se julgam no pleno direito de meter a mão
no nosso bolso sempre que acham necessário,
mas acusam de comunista todos os que propõem medidas para mexer no bolso dos
ricos e deles mesmos.
É a esse Congresso que os manifestantes de março
de 2015 irão
pedir apoio contra Dilma? Além do pedido de impeachment e do fim da corrupção,
irão cobrar também a regulamentação do IGF? Cobrarão urgência
na Reforma Política?
Pedirão o fim do financiamento privado nas campanhas
eleitorais? Os
manifestantes de 15 de março sairão às ruas em defesa do Brasil ou apenas para
manifestar o seu sentimento anti-Dilma e anti PT? Será que acham que Michel Temer será melhor presidente que Dilma? Gostaria
muito de saber as respostas para essas e outras questōes.
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