A Marcha da Maconha de Manaus sairá às ruas no dia 30 de maio. O seu objetivo não é afrontar a sociedade, mas provocá-la a sair da postura de avestruz para encarar com maturidade a questão da atual política de drogas no país
Por Fernando Lobato_Historiador
Não fumo, não
bebo e não cheiro nada que me tire do meu estado de consciência natural, a não
ser quando tomo uma ou duas cervejinhas ou um ou dois copos de vinho em ocasiões
muito especiais, mas, apesar disso e de ver negativamente o uso de drogas, defendo a REGULAMENTAÇÃO do uso de tais substâncias e por isso
apoio o PL 7270/2014 do Deputado Federal Jean Willys (PSOL-RJ). O
argumento de Jean, e concordo com ele, é o de que a droga já é liberada, tendo
em vista que as políticas públicas até aqui adotadas nunca foram eficazes no
sentido da redução do consumo, ou seja, apesar de todo o aparato e o alto custo
financeiro e social de tais ações, é cada vez maior não apenas o volume
consumido, mas também a variedade das substâncias que são colocadas nesse
mercado que continua clandestino e ilegal.
A
regulamentação, ou seja, o controle sobre o quê se produz e o que é consumido
permitirá que saibamos exatamente quem e quantos sãos os consumidores, bem como
os motivos que os fazem consumir tais substâncias. Além disso, com a
regulamentação, será possível também um controle daquilo que é produzido. É
fato que um grande número de substâncias químicas fortemente prejudiciais à saúde
são acrescentadas no que é vendido clandestinamente e, principalmente no caso
da maconha, são elas que as que mais fragilizam a saúde de quem é usuário
regular. O controle daquilo que será colocado à venda reduzirá
significativamente o poder lesivo do consumo de drogas, bem como permitirá uma
melhor assistência médica, psíquica e social aos usuários.
Outro aspecto
positivo da regulamentação está no fim do rótulo de PROIBIDO que a criminalização
coloca nesses produtos e isso, no fim das contas, estimula não apenas a
curiosidade, mas também o consumo como forma de rebeldia contra uma sociedade que
criminaliza a maconha e outras drogas, mas libera e promove – inclusive com uso
da mídia - o consumo de álcool e tabaco. Os jovens, sobretudo, acabam sendo as
maiores vítimas da combinação de curiosidade com a rebeldia quase natural dessa
fase da vida. Como se trata de um tema tabu, ou seja, que as pessoas, sobretudo
pais e mães, preferiam não ter de encarar, pouco se avançou nessa discussão. É
preciso encarar a realidade. A postura do avestruz, ou seja, de botar a cabeça
no buraco para não ver o que acontece não ajuda.
É
com o fim de colocar o tema na pauta de discussão social que a Marcha da Maconha saíra às ruas de
Manaus no próximo dia 30 de maio (sábado).
O objetivo não é afrontar a sociedade, mas provocá-la a sair da condição de
avestruz para encarar de frente e com maturidade a questão e, nesse aspecto, tem todo o meu apoio.
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