O clássico dos milhões, a histeria alienante e o debate que precisa ser feito

Quem é o melhor? Quem fez mais ? Quem é o mais querido? Infelizmente é assim que a maioria hoje discute política, ou seja, como se PSDB e PT fossem clubes que seus torcedores tem obrigação de defender de forma passional.  E essa infantilidade está enchendo o nosso saco

Fernando Lobato_Historiador

Flamengo e Vasco quando se enfrentam nos gramados fazem o clássico dos milhões porque é certeza de estádio cheio e muito dindin entrando nos cofres desses clubes.  O futebol, desde os anos 30, tem sido um eficiente instrumento de dominação e controle social, mas hoje, com a histérica verborragia entre PSDB e PT, transfere para o campo da política o que tem de pior, ou seja, o debate passional sobre quem seria melhor ou sobre quem fez mais pelo país e a consequência disso é o afloramento do ódio e da inimizade gratuita num campo em que todos precisam agir e pensar de forma racional e madura.
E essa passionalidade é preocupante na medida em que impede ou dificulta que as pessoas de modo geral façam as análises corretas da realidade que vivenciam. Vários membros do PSDB, no seu último programa partidário, disseram que fazem oposição porque desejam que o país trilhe o caminho certo. A questão que surge dessa fala é: QUAL É ESSE CAMINHO CERTO?  Prestando atenção no que eles falam eu lembro daquela música do Engenheiros do Hawaii que diz o seguinte: EU PRESTO ATENÇÃO NO QUE ELES DIZEM, MAS ELES NÃO DIZEM NADA.
A mesma coisa se pode dizer da propaganda do PT quando diz que o ajuste fiscal está sendo feito para que o país continue avançando, mas não diz que foi sua gestão perdulária e as concessões feitas à corrupção que nos empurraram para a crise que atravessamos. Crise que, por sinal, não atinge as classes mais ricas da população, pois os banqueiros e os grandes capitalistas continuam lucrando alto apesar dela. A crise existe somente para os trabalhadores que dependem de renda e oportunidades de trabalho e esse é que deveria ser o centro do debate atual, ou seja, o que fazer para minimizar o sofrimento dos mais afetados por ela.
A crise, dentro do sistema capitalista, é algo rotineiro e sem nenhuma novidade. Nos tempos de FHC foram inúmeras as crises que afetaram nossa economia e atingiram duramente a vida e o bolso do trabalhador. O debate que se precisa fazer é o seguinte: COMO CONSTRUIR UM MODELO SOCIAL QUE, PRIMEIRO, NÃO PRODUZA TANTA CRISE E, SEGUNDO, QUE NÃO SEJA SEMPRE PERVERSO COM OS QUE OS SUAM TODOS OS DIAS PRODUZINDO AS RIQUEZAS DESSE PAÍS. Esse e não outro é o debate que precisa ser feito e que todos devemos participar, pois é dele que surgirão as soluções políticas e sociais que nos tirarão do atoleiro em que mais uma vez nos enfiaram

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