Por Fernando Lobato_Historiador
O câncer é uma
doença terrível não apenas porque não tem cura e quase sempre leva o paciente à
morte, mas também porque causa intensa dor e sofrimento nas suas vítimas, visto
que seus tumores, se não extirpados até a raiz mais profunda, espalham-se de
forma descontrolada. Eis do que padece o paciente Brasil desde o seu nascimento
com a colonização portuguesa até os dias atuais, quando vários de seus tumores cancerígenos
são expostos todos os dias ao vivo e em cores nos jornais, na TV e nas mídias
sociais de nosso tempo.
A Operação
Lava a Jato, novidade em nossa História, tem nos revelado a amplitude do tumor que
advém da relação entre ocupantes do nosso estado ainda patrimonialista com uma “nobreza”
histórica viciada em fazer uso dele em benefício próprio - familiar e corporativo -.
O juiz Sergio Moro, felizmente, fiel ao simbolismo da mulher de olhos vendados que
não vê a quem pune com sua espada, tem desconhecido a “nobreza” de tal gente e a
está mandando para um lugar que ela desconhecia completamente: a cadeia.
A cadeia no
Brasil, porém, pelo que revelou a revista da Secretaria de Segurança do Amazonas
no COMPAJ não é mais um depósito precário para onde se manda os sem nobreza ou pedigree,
visto que, no seio da população carcerária, há “reis” e “príncipes” que o
estado não apenas trata de forma diferenciada como reconhece sua “nobreza”. Não foi por acaso que Cláudio Lembo, quando
governador de São Paulo em maio de 2006 , negociou com o comando do PCC o fim
de uma série de ataques coordenados por essa organização.
O caso do
Amazonas, porém, a julgar pelo que declarou o Secretário Estadual de Segurança Sérgio
Fontes depois da revista no COMPAJ, sugere uma indagação muito séria e grave: O
crime organizado está cada vez mais forte e poderoso porque, diferentemente da
sociedade civil, está cada vez mais organizado ou está mais forte porque sua
estrutura e poder, sobretudo econômico, coopta e alicia agentes estatais de
variadas hierarquias como auxiliares? Qual
o nível de comprometimento hoje do estado com o crime organizado no Amazonas?
O
Ministério Público do Amazonas, como legítimo defensor da sociedade, precisa
agir com rapidez e eficiência para quem sabe produzir uma LAVA A JATO nessa
questão. Sem isso, ou a sociedade também se organiza e reage ou seremos cada
vez mais devorados nas esquinas e praças da selva cada vez mais perigosa e
insegura em que hoje vivemos.
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