Dilma, a crise e os golpes contra o povo brasileiro


O Golpe urdido na atualidade não é propriamente contra o governo Dilma - que aliás também pode ser acusado de golpista em vários sentidos - mas, sobretudo, contra o avanço da democratização  do estado no Brasil e, sobretudo, da utilização de seus ativos em favor de uma ampla faixa de nossa população



Por Fernando Lobato_Historiador



Dilma, ontem, 16.09.15, falou em golpe insinuando que a democracia será a grande vítima do impeachment arquitetado por seus opositores da extrema-direita (PSDB, DEM, PPS e parte do PMDB).  Destaco o caráter de extrema-direita dessa turma para enfatizar que o governo Dilma não é de esquerda, ainda que tenha adotado esse tom no segundo turno da campanha presidencial de 2014. O governo Dilma fez clara opção por uma gestão em sintonia com os ”tubarões” do setor empresarial e financeiro e, portanto, também é de DIREITA, ainda que- queremos crer nisso – seja de um tom menos firme que o de Aécio, Temer, Cunha e outros interessados no seu afastamento para impedir qualquer retomada de uma agenda econômica não inteiramente comprometida com os de cima.
O alvo desses reacionários, portanto, não é propriamente DILMA e sim o congelamento do salário do funcionalismo, o fim ou redução do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, a privatização total da PETROBRÁS, da Caixa, do Banco do Brasil, a privatização ainda maior da saúde e da educação e outros. Se Dilma fala do golpe que se urde contra tudo isso usa o termo apropriado, pois foram a manutenção do poder aquisitivo do funcionalismo e dos trabalhadores, a continuidade do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, a não privatização da PETROBRÁS e do Banco Central e o fortalecimento da Caixa e do Banco do Brasil  que a fizeram vitoriosa contra AÉCIO no 2º turno de 2014, pois, com os tucanos, tudo isso estaria ameaçado. Todavia, se Dilma usa corretamente o termo GOLPE para falar dessas ameaças, é justo também dizer que o mesmo também serve para definir o governo que ela faz até aqui.
É golpe querer enfiar a CPMF goela abaixo do povo, como foi golpe o cancelamento de concursos públicos. Um golpe, sobretudo, na esperança de uma vida melhor mantida por brasileiros que estudam e se preparam para o exercício da função pública. É golpe o congelamento do reajuste do funcionalismo por 7 meses como também foi golpe a restrição do exercício de direitos como o Seguro-Desemprego. Foi golpe também, ainda que mais antigo, a celebração de aliança com o PMDB e com outros partidos despudorados e sem nenhum compromisso com o país. Foram essas celebrações que resultaram no uso da PETROBRÁS e outras empresas públicas para o financiamento de um sistema partidário-eleitoral que se sabia corrupto dos pés à cabeça. Foi golpe também, sobretudo do governo Lula, a não mobilização da base de apoio no Congresso para aprovar uma Reforma Tributária que reduzisse o peso do estado sobre os de baixo e uma Reforma Política que reduzisse a influência do poder econômico nas eleições.
Golpes e golpistas existem de vários matizes e cores e é fundamental sabermos qual a natureza de cada um deles para desmascará-los e apontar-lhes o dedo sem receio de estar cometendo injustiças!

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