Fernando Lobato_Historiador
Ontem,
depois de assistir no YOUTUBE o filme sobre a família Bórgia (ver aqui), tive finalmente inspiração
para escrever sobre a opção de Marcelo Ramos pelo PR de Alfredo Nascimento. Os Bórgia
foram a inspiração de Maquiavel para “O Príncipe”, clássico até hoje muito lido
e observado, sobretudo, pela classe política brasileira. A conquista e a manutenção
do poder, segundo os crentes desse “catecismo”, exige que se deixe de lado questões
de ordem moral ou ética. Os homens e mulheres de estado, portanto, diz essa “liturgia”, devem seguir uma “ética”
ou “moral” própria, ou seja, a do poder o mais absoluto e concentrado possível,
pois esse é o fim e todos os meios o justificam (fingir, trapacear, mentir,
roubar e até matar ou mandar matar).
Se o estado
deixou de ser absoluto e tornou-se republicano foi porque esse tipo de “moral”
foi execrado por aqueles que os monarquistas diziam seguir a moral comum, ou
seja, o POVO. A Democracia suplantou o
absolutismo e o governo passou a ser do povo, pelo menos em tese. Questionado sobre sua decisão, Marcelo se
defendeu dizendo que será sempre Marcelo em qualquer lugar. Será? Se isso é
verdade, porque o Marcelo de 2014 não pode continuar sendo o Marcelo
da Marina? Ninguém sabe como seria o governador Marcelo da Marina - as “máquinas”
de Braga e Melo impediram -, mas pelo
menos se tinha uma idéia dos seus compromissos fundamentais. Quais serão os
compromissos do Prefeito Marcelo do PR? Será com Manaus ou com os que
patrocinaram sua ida para o ninho de Alfredo?
Disse certa
vez Luis Carlos Prestes que sua estrondosa votação ao senado em 1945 foi porque
o povo o achava corajoso e homem de princípios sólidos (liderou a Coluna
Prestes de 1924 a 1927, tentou derrubar Vargas em 1935 na Intentona Comunista e
viveu uma vida devotada ao que acreditava ser melhor para o povo). O povo, sentenciou
ele, não gosta de frouxos, o povo gosta dos valentes. Não há SE na História, mas
me arrisco a apostar que, SE o PCB não fosse declarado ilegal em 1948, Prestes
poderia ter disputado e até vencido uma eleição presidencial, ou seja, teria
governado o Brasil, ou pelo menos tentado, com base no voto popular. Marcelo, ao optar pelo PR, opta pelo
pragmatismo, opta por ter uma campanha a Prefeito recheada de verbas de
empresas “doadoras”, pois parece não crer que a decisão do STF afetará o caixa
de sua campanha.
Graças
à Lava Jato, o povo hoje sabe como funciona o financiamento de campanhas, ou seja, sabe que somos nós mesmos que financiamos os criminosos que permanecem no poder nos roubando
sistematicamente, pois é a única forma de lá permanecerem - eis porque falamos
em mensalão do PT, do PSDB, do PMDB, do DEM, do PP e outros mais-. Marcelo, com
sua decisão, parece não acreditar no povo – ou melhor – no conceito que diz que
o povo é um coletivo soberano e consciente. Ele parece acreditar, ao que parece,
no poder da massa, ou seja, nos que votam impressionados pela propaganda ou a
partir de ofertas em dinheiro ou privilégios. Foi a massa, de fato, que o
derrotou em 2014 e sua opção, talvez, o faça ganhar esse voto em 2016, sabendo,
desde já, que perderá grande parte do voto do povo. O PT, quando aceitou
governar em parceria com o PMDB, fez uma opção parecida a de Marcelo e aposto que ele, tal
como Serafim em 2010, que também se aliou a Alfredo, tende a perder força e
credibilidade, ou seja, perdeu a chance de fazer História no Amazonas.
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