Maquiavel, o financiamento de campanha e a opção de Marcelo Ramos pelo PR de Alfredo

Marcelo Ramos, quando trocou um mandato certo de Deputado Estadual pela audácia de enfrentar Melo e Braga, praticou um ato de coragem que alavanca a moral que qualquer jovem político, mas agora, ao optar pelo PR de Alfredo, age pragmaticamente tal como Marina pelo finado Campos em 2013. Tal como Serafim, em 2010, quando se aliou ao próprio Alfredo, a Hissa Abraao e Praciano, que se aliaram a Braga em 2014, tende a perder força e credibilidade, bem como a chance de fazer História no Amazonas.   

Fernando Lobato_Historiador

Ontem, depois de assistir no YOUTUBE o filme sobre a família Bórgia (ver aqui), tive finalmente inspiração para escrever sobre a opção de Marcelo Ramos pelo PR de Alfredo Nascimento. Os Bórgia foram a inspiração de Maquiavel para “O Príncipe”, clássico até hoje muito lido e observado, sobretudo, pela classe política brasileira. A conquista e a manutenção do poder, segundo os crentes desse “catecismo”, exige que se deixe de lado questões de ordem moral ou ética. Os homens e mulheres de estado, portanto,  diz essa “liturgia”, devem seguir uma “ética” ou “moral” própria, ou seja, a do poder o mais absoluto e concentrado possível, pois esse é o fim e todos os meios o justificam (fingir, trapacear, mentir, roubar e até matar ou mandar matar).
Se o estado deixou de ser absoluto e tornou-se republicano foi porque esse tipo de “moral” foi execrado por aqueles que os monarquistas diziam seguir a moral comum, ou seja, o POVO.  A Democracia suplantou o absolutismo e o governo passou a ser do povo, pelo menos em tese. Questionado sobre sua decisão, Marcelo se defendeu dizendo que será sempre Marcelo em qualquer lugar. Será? Se isso é verdade, porque o Marcelo de 2014 não pode continuar sendo o Marcelo da Marina? Ninguém sabe como seria o governador Marcelo da Marina - as “máquinas”  de Braga e Melo impediram -, mas pelo menos se tinha uma idéia dos seus compromissos fundamentais. Quais serão os compromissos do Prefeito Marcelo do PR? Será com Manaus ou com os que patrocinaram sua ida para o ninho de Alfredo?
Disse certa vez Luis Carlos Prestes que sua estrondosa votação ao senado em 1945 foi porque o povo o achava corajoso e homem de princípios sólidos (liderou a Coluna Prestes de 1924 a 1927, tentou derrubar Vargas em 1935 na Intentona Comunista e viveu uma vida devotada ao que acreditava ser melhor para o povo). O povo, sentenciou ele, não gosta de frouxos, o povo gosta dos valentes. Não há SE na História, mas me arrisco a apostar que, SE o PCB não fosse declarado ilegal em 1948, Prestes poderia ter disputado e até vencido uma eleição presidencial, ou seja, teria governado o Brasil, ou pelo menos tentado, com base no voto popular.  Marcelo, ao optar pelo PR, opta pelo pragmatismo, opta por ter uma campanha a Prefeito recheada de verbas de empresas “doadoras”, pois parece não crer que a decisão do STF afetará o caixa de sua campanha.
Graças à Lava Jato, o povo hoje sabe como funciona o financiamento de campanhas, ou seja, sabe que somos nós mesmos que financiamos os criminosos que permanecem no poder nos roubando sistematicamente, pois é a única forma de lá permanecerem - eis porque falamos em mensalão do PT, do PSDB, do PMDB, do DEM, do PP e outros mais-. Marcelo, com sua decisão, parece não acreditar no povo – ou melhor – no conceito que diz que o povo é um coletivo soberano e consciente. Ele parece acreditar, ao que parece, no poder da massa, ou seja, nos que votam impressionados pela propaganda ou a partir de ofertas em dinheiro ou privilégios. Foi a massa, de fato, que o derrotou em 2014 e sua opção, talvez, o faça ganhar esse voto em 2016, sabendo, desde já, que perderá grande parte do voto do povo. O PT, quando aceitou governar em parceria com o PMDB, fez uma opção parecida a de Marcelo e aposto que ele, tal como Serafim em 2010, que também se aliou a Alfredo, tende a perder força e credibilidade, ou seja, perdeu a chance de fazer História no Amazonas.

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