A caixa de Pandora, os pecados de Temer e o castelo de areia


Por Fernando Lobato_Historiador



A versão bíblica da origem do pecado fala de um fruto proibido comido pelo primeiro casal, Adão e Eva. Na mitologia grega, porém, as maldades que nos afligem teriam como causa a abertura de uma caixa de uma outra mulher, Pandora, que, assim como Eva, se deixou levar pela curiosidade.  Caixa de Pandora, por sua vez, é a Operação da Polícia Federal que, desde 2009, apura o MENSALÃO DO DEM, que resultou na prisão e cassação de José Roberto Arruda, então governador do DF. Além de Arruda (DEM), políticos que estiveram e estão constantemente na mídia em 2016 aparecem na lista do pecado da corrupção. Entre eles, Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a Comissão de Impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, campeão ano  em citações nesse pecado, e Michel Temer, atual presidente interino, acusado de receber, junto com Cunha e Henrique Alves, R$ 100 mil de propina mensal do esquema. Temer nega o fato desde 2010, quando o caso veio a público (ver aqui). Na época presidia não o Brasil, mas a Câmara dos Deputados, ou seja, a mesma casa que já elegeu Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves como presidentes, ou seja, os mesmos parceiros acusados como beneficiários da Caixa de Pandora. Alves, por sinal, foi o terceiro ministro de Temer, e provavelmente não o último, a cair acusado do mesmo pecado.
A mídia, na época, deu pouca publicidade à suspeição de Temer e a oposição, liderada pelo PSDB, seu aliado de hoje, também não explorou o fato. E assim, saltou da Presidência da Câmara para a Vice-Presidência  com a eleição de Dilma. Seu salto ambicioso e bem sucedido não foi prejudicado sequer pelo CASTELO DE AREIA que estava no seu caminho, ou seja, pelas 21 citações de seu nome numa outra operação da PF que apurava doações ilegais praticadas pela Camargo Corrêa (ver aqui). A operação, batizada de Castelo de Areia, foi anulada por decisão do STJ em 2011, livrando o já vice de Dilma de maiores complicações. Depois de demolir, em 2016, o “castelo” de Dilma e do PT com a ajuda de seu fiel escudeiro Cunha, Temer deu o salto mais ambicioso e arriscado de sua vida, ou seja, assumiu a Presidência num golpe arquitetado com seus velhos companheiros de parlamento, ou seja, com uma enorme turma que a LAVA JATO pode punir pelos pecados cometidos. Essa turma de desesperados teme que seus castelos erguidos com corrupção desabem em cima de suas cabeças. Temer também teme, mas tem essa legião pronta e disposta a protegê-lo. Não contava, porém, com as machadadas de um tal Sérgio que, aos poucos, vai derrubando, um a um, os pilares de seu governo. Machado já entregou o próprio Temer, que, pela quarta vez, pelo menos, aparece em escândalos de corrupção, visto que também aparece citado na Lava Jato. O que nos resta saber agora é se Temer é o próprio castelo de areia ou se é poderoso a ponto de ser imune a maremotos e furacões. O tempo nos dirá!

Comentários